São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2008

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Perita diz que sangue em carro é de Isabella

Responsável pelo laudo sobre como a menina foi morta disse em depoimento à Justiça que cadeirinha de bebê tinha manchas

Advogados do casal discordam da afirmação e dizem que laudo do IC atesta não ser possível confirmar se sangue é da garota

ANDRÉ CARAMANTE
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Em seu depoimento ontem à Justiça, a perita criminal Rosângela Monteiro, responsável pelo laudo sobre como Isabella Nardoni, 5, foi morta, afirmou que o sangue encontrado na cadeirinha de bebê do Ford Ka do casal Alexandre Alves Nardoni, 29, e Anna Carolina Jatobá, 24, é mesmo da menina.
Isso indica que a vítima começou a ser agredida ainda no veículo, antes de sofrer uma tentativa de asfixia e ser jogada pela janela do sexto andar do edifício London, em São Paulo.
"Eu sei que é sangue humano e sangue de Isabella", disse a perita ao juiz Maurício Fossen, do 2º Tribunal do Júri, no fórum de Santana (zona norte de SP). Ela foi a primeira das sete testemunhas da acusação, arroladas pelo promotor Francisco Cembranelli, a falar ontem.
Rosângela trabalha no Núcleo de Crimes contra a Pessoa do IC (Instituto de Criminalística), da Polícia Científica.
Nardoni e Anna Jatobá permaneceram o tempo todo algemados durante os interrogatórios, conversaram entre si -chegaram a trocar sorrisos - e com seus três advogados.
A afirmação da perita sobre o sangue no carro do casal reforça o que a Polícia Civil já havia revelado na investigação. Essa, aliás, foi a principal prova apresentada pela delegada Renata Pontes, do 9º Distrito Policial (Carandiru), para indiciar o casal pelo homicídio.
Ao juiz, a perita Rosângela alegou que se baseou em exames de tabelas norte-americanas de probabilidade, as mesmas usadas pelo FBI (polícia federal dos Estados Unidos).
Os advogados do casal, no entanto, discordam. Eles se baseiam no relatório sobre o sangue feito pelo núcleo de biologia do Ceap (Centro de Exames, Análises e Pesquisas) do IC, que atesta não ser possível afirmar com certeza que o sangue é de Isabella. De acordo com essa análise, foi encontrada no carro amostra compatível com o perfil genético de Nardoni e dos filhos dele com Anna Jatobá.
Os peritos do Núcleo de Crimes contra a Pessoa sustentaram que o sangue era de Isabella porque era recente e porque a menina foi a única da família a apresentar ferimentos -um pequeno corte na testa.
O promotor não arrolou nenhum perito do núcleo de biologia entre as testemunhas.
Hoje, outras 11 testemunhas arroladas por Cembranelli serão interrogadas -entre elas, a mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, 24, e os avós maternos da menina. Assim como ontem, os interrogatórios serão a portas fechadas.
O médico legista Paulo Tieppo, um dos que elaboraram o laudo sobre a morte de Isabella, afirmou que, seis horas após o crime, uma análise preliminar do corpo da menina apontou que ela tinha algumas (pelo menos quatro) lesões que não correspondiam à queda sofrida por ela do sexto andar, por volta das 23h40 de 29 de março.
O legista também sustentou que Isabella já estava morta quando o resgate chegou ao edifício London. Tieppo disse que o processo de reanimação dos socorristas também não causou nenhuma das lesões encontradas mais tarde pelos legistas no corpo da menina.

Ex-vizinha
Ex-vizinha dos pais de Nardoni, Benícia Maria Bronzati Fernandes pediu que os dois réus fossem retirados para que ela prestasse depoimento e revelou que chegou a alertar três vezes a avó paterna de Isabella sobre o comportamento da madrasta Anna Jatobá.
Os advogados do casal não se manifestaram ontem sobre os depoimentos.


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