São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2008

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Paulista tem nova reforma para recolocar piso antigo

Após ser trocado por concreto, mosaico português está sendo recolocado em 6 imóveis

Secretaria diz que seguiu pedido do Departamento de Patrimônio Histórico e que não pagará a mais; moradores criticam medida

CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Após quase um ano de obras nas calçadas da avenida Paulista para a troca do piso de mosaico português por placas de concreto moldado, uma nova reforma voltou a instalar as características pedras pretas e brancas. O DPH (Departamento de Patrimônio Histórico) determinou que seis imóveis tenham ao menos uma faixa do modelo antigo.
A prefeitura diz que não pagará a mais pela troca. Pedestres, comerciantes e moradores, cansados das obras, não gostaram da mudança.
"Eles não sabem o que querem? Podiam ter deixado aquele piso, então, e eu não teria precisado empurrar a banca [de jornal] para lá e para cá duas vezes", reclama o jornaleiro Leivan Vieira Lima, 30. Ele trabalha no número 227, em frente ao colégio Rodrigues Alves, que já teve a calçada de mosaico trocada por concreto e, agora, passará por outra reforma.
A Paulista tem 13 edifícios tombados ou em processo de tombamento. Desses, apenas dois ainda estão com a calçada original: o Conjunto Nacional -que pelo plano da Secretaria de Coordenação das Subprefeituras seria o único a conservar o mosaico- e o edifício Anchieta, que fica em um trecho que não será reformado, no último quarteirão da via.
Antes do início das obras, em 23 de julho de 2007, o DPH chegou a pedir que os outros 11 pontos também mantivessem o desenho original, mas técnicos das obras argumentaram que o novo projeto traria acessibilidade a pedestres com deficiência física. A reforma avançou e a discussão continuou.
Segundo o coordenador de Obras da Secretaria das Subprefeituras, Angelo Méllio, o DPH aceitou a intervenção em seis dos imóveis e um acordo foi fechado em março. Procurada para confirmar, a Secretaria da Cultura, responsável pelo DPH, não respondeu.
Além do colégio Rodrigues Alves, o DPH teria escolhido para ter o piso antigo a Casa das Rosas, o parque Trianon e o edifício Três Marias -nesses, as obras foram concluídas. No edifício Paulicéia, também contemplado, o mosaico está sendo recolocado e, no casarão 1.919 da Paulista, isso ainda ocorrerá.
Ficarão sem o mosaico português o Masp, a casa dos Matarazzo e outros edifícios residenciais protegidos.

Colcha de retalhos
Em frente ao Paulicéia, onde as obras ocorriam, um morador reclamava. "Está errado. Se queriam deixar, que fosse o original", disse Antonio Correia Martinez, 91, morador do número 960 há 40 anos.
A estudante Bruna Lassabia, 19, que trabalha na Paulista, diz que a avenida parece uma "colcha de retalhos". "Primeiro, ficou só um pedaço aberto com areia, as pessoas achavam que eram um "cinzeirão". Agora, colocaram pedras totalmente fora do padrão."
Segundo o coordenador de Obras, a nova troca não aumentará o valor da obra -de R$ 8,12 milhões. Segundo ele, o contrato já previa novos mosaicos no Conjunto Nacional.
Méllio diz que as obras nas calçadas terminarão ainda neste mês e as do canteiro central, em julho. O prazo inicial era abril.


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