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Preconceito piora desempenho de alunos, diz pesquisa
Segundo estudo feito pela Fipe, vítimas mais frequentes de práticas discriminatórias são negros, pobres e homossexuais
Prática de bullying, em que alunos humilham colegas,
é uma das experiências
que mais prejudicam
a nota dos estudantes
MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Alunos zombando de outros
alunos, de professores ou de
funcionários do local onde estudam é, mais do que brincadeira de mau gosto, sinal de
pior rendimento escolar.
Uma pesquisa realizada pela
Fipe (Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas) a pedido do MEC (Ministério da Educação) demonstrou que, quanto mais preconceito e práticas
discriminatórias existem em
uma escola pública, pior é o desempenho de seus estudantes.
Entre as experiências mais
nocivas vividas por esses jovens
está o bullying, que é a humilhação perante colegas por motivo de intolerância.
As consequências na performance estudantil são mais graves quando as vítimas de zombaria são os professores. Entre
os alunos, os principais alvos
são, respectivamente, negros,
pobres e homossexuais.
Para chegar a essa associação
entre o grau de intolerância e o
desempenho escolar, o estudo
considerou os resultados da
Prova Brasil de 2007, exame de
habilidades de português e matemática realizado por quem
cursa da 4ª à 8ª série do ensino
fundamental da rede pública.
A conclusão foi que as escolas
com notas mais baixas registraram maior aversão ao que é diferente. O MEC não informou
que medidas pretende tomar a
respeito dessa constatação.
"A conjectura que podemos
fazer é que o bullying gera um
ambiente que não é propício ao
aprendizado", afirma o economista José Afonso Mazzon,
coordenador da pesquisa.
"Não é uma questão de política educacional, mas de governo, de Estado. O indivíduo que
nasce negro, pobre e homossexual está com um carimbo muito sério pela vida toda", diz
Mazzon, para quem o preconceito vem normalmente da
própria família. "Para alterar
uma situação como essa acredito que levará gerações."
Foram entrevistadas 18.600
pessoas, entre alunos, pais, diretores, professores e funcionários de 501 escolas de todo o
Brasil. Entre os estudantes,
participaram da pesquisa os
que cursam a 7ª ou a 8ª série do
ensino fundamental, a 3ª ou a
4ª série do ensino médio e o antigo supletivo, o EJA (Educação
para Jovens e Adultos). Do total estudantil, 70% têm menos
de 20 anos.
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