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Parecia uma bola de fogo, dizem moradores
Estrondos, gritos e clarão assustaram vizinhos do aeroporto, que afirmam ter visto vítimas se atirando pelas janelas
Segundo as pessoas que moram nos arredores do local do acidente, impacto da colisão do Airbus fez tremer paredes das casas
Rogério Cassimiro/Folha Imagem
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Destroços do avião da TAM que transportava 176 pessoas do RS a SP; o Airbus não conseguiu pousar no aeroporto de Congonhas e explodiu ao se chocar contra parede
DA REPORTAGEM LOCAL
Primeiro foi um estrondo.
Depois, o clarão. O Airbus A320
da TAM virou uma bola de fogo
gigante, contam moradores da
vizinhança que viram o avião
atravessando a avenida Washington Luís. "Vi um vôo rasante sobre a avenida e, em seguida, uma bola de fogo", conta
Nilton Lima, funcionário do
Aeroporto Congonhas Hotel, a
300 metros do acidente.
"Deu um clarão forte, um barulhão, e depois eu só ouvi gente gritando", contou ontem, por
volta das 20h, enquanto os
bombeiros tentavam controlar
as chamas que tomavam conta
dos prédios onde o avião bateu.
"Daqui, parece que os bombeiros não vão conseguir. O fogo é indescritível, é muito grande." Segundo Lima, havia um
cheiro forte de borracha queimada no local, "que parece impregnar na gente".
Vizinha do acidente, Lúcia
Letelier também viu a mesma
cena da janela do seu edifício.
"Estava trabalhando quando,
pela janela, apareceu um clarão
que parecia o fim do mundo.
Fui para a varanda ver o que era
e encontrei o avião atravessando a avenida. Eram quase 19h."
Depois disso, relata, muita
fumaça tomou conta do local.
"Além dos passageiros, acho
que teve gente atingida que
passava pela avenida, a pé ou de
carro. É um horário de muito
movimento. Acho difícil ninguém ter sido vítima."
Ao se dar conta do tamanho
da tragédia, Lúcia conta que entrou em pânico e começou a
gritar para que seus familiares
ficassem dentro de casa. "Nunca tinha acontecido nada tão
grave aqui perto. É assustador."
Salva pela sorte
Tamara Renno, que mora a
dois quarteirões do acidente,
também está com medo. "Vivo
aqui desde que nasci, há 38
anos, e agora a gente fica com
receio." Ela diz que chegava em
casa quando ouviu o estrondo,
mas nem se virou para trás.
"Fechei a porta e minha mãe
disse que parecia barulho de
quando antigos [aviões] Jumbos pousavam em Congonhas."
Foi então que o telefone tocou e uma amiga avisou o que
tinha acontecido. "A gente ligou a TV e não acreditou. De
vez em quando, eu volto do trabalho pela avenida e passo lá
em frente. Hoje [ontem], decidi
vir por dentro do bairro. Foi
sorte. Muita gente passa pelo
local nessa hora."
Uma funcionária da TAM,
Julia (nome fictício), contou
que as pessoas que estavam
dentro do prédio atingido pela
aeronave entraram em desespero. "Vi gente tentando se jogar pelas janelas", disse. ""Perdi
amigos. Vi corpos sendo retirados", contou. Segundo ela, somente em um dos setores trabalham cerca de cem pessoas.
Por conta do serviço de cargas
da TAM Express, dezenas de
motoboys costumam permanecer em frente ao local.
Comissário aposentado e vizinho há 20 anos do aeroporto,
Adilson Pimentel, 69, afirmou
que o impacto da colisão fez
tremer o apartamento onde
mora. "Num primeiro momento, como chovia, pensei em trovão. Mas, como estamos ao lado
do aeroporto, olhei para a janela e vi o fogo. Foi uma explosão
muito forte", disse. "Da forma
como o avião se chocou, só com
a mão de Deus alguém sai vivo."
A preocupação dos vizinhos,
disse Pimentel ontem à noite,
era com o posto de gasolina que
fica ao lado do local do acidente. "Se o fogo se alastrar, será o
fim do nosso bairro", afirmou.
Dona Elvira Moretti, 80, estava assistindo TV quando viu o
mesmo clarão entrar pelas janelas do apartamento e fazer
tremer as paredes. "Pensei que
fosse um terremoto. Pelo amor
de Deus, tenho 80 anos, tive até
que tomar calmante. Meu corpo tremia", disse.
Da janela do apartamento,
que fica a duas quadras do local,
a aposentada viu o fogo. "A labareda não queria parar. Nossa
Senhora, foi muito feio, muito
triste, não dá nem para acreditar". Dona Elvira afirmou que
às vezes pensa em sair do bairro. "Mas ir para onde?"
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