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Preso outro delegado acusado de vender CNHs
É o terceiro delegado preso suspeito de ligação com a máfia do Detran; os outros dois foram liberados por ordem do STF
Casé, como é conhecido o policial, é acusado de receber propina para usar a estrutura da polícia para falsificar habilitações
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Ex-chefe da Polícia Civil em
oito cidades da Grande São
Paulo, o delegado Carlos José
Ramos da Silva, o Casé, foi preso ontem sob acusação de receber de R$ 30 mil a R$ 45 mil
mensais de propina. Ele também é suspeito de permitir que
uma quadrilha usasse a infra-estrutura da polícia em Ferraz
de Vasconcelos (Grande SP)
para vender CNHs (carteira nacional de habilitação) falsas.
Além de Casé, a Justiça também decretou a prisão temporária -por cinco dias- de outras dez pessoas (quatro são policiais civis e os outros intermediavam a venda das CNHs).
Até a conclusão desta edição,
só Casé e Marcos Jorge Américo Trofelli, agente da Prefeitura
de Ferraz lotado na Ciretran
(Circunscrição Regional de
Trânsito) local e responsável
por exames práticos de motoristas, haviam sido presos.
Sete psicólogas e cinco médicos, todos suspeitos de forjar
exames para a emissão das
carteiras de habilitação falsas,
tiveram os pedidos de prisão
rejeitados.
Entre abril de 2007 e março
de 2008 foram feitos 7.439 exames práticos em Ferraz, mas a
Ciretran local emitiu, no mesmo período, 36.939 CNHs. A
suspeita é que cada carteira era
vendida por valores que iam de
R$ 1.300 a R$ 1.800.
Em uma conversa telefônica
de Eliane Gavazzi, dona de auto-escola presa no início de junho e solta anteontem pelo
STF, gravada em 25 de março
deste ano, ela cita o nome dos
delegados Casé e Campos.
Campos também foi solto anteontem pelo STF.
A principal fraude descoberta pela investigação era feita
pela quadrilha contra o sistema
de computação utilizado pelo
Detran. Para burlar o sistema,
que exige que o candidato a motorista deixe sua impressão digital em diversas fases de avaliação, a quadrilha usava as digitais de outras pessoas e até
mesmo de dedos postiços.
Os promotores conseguiram
um relatório da Prodesp (Companhia de Processamento de
Dados de SP) que apontou que
a quadrilha usou apenas 64 impressões digitais para emitir
1.305 habilitações.
STF liberou
A prisão de Casé ocorreu um
dia depois de o presidente do
SFT (Supremo Tribunal Federal), ministro Gilmar Mendes,
libertar outras 18 pessoas presas na chamada Operação Carta Branca, do Gaerco (Grupo de
Atuação Especial Regional para
Prevenção e Repressão ao Crime Organizado) do Ministério
Público de Guarulhos e ocorrida em 3 de junho.
Na tarde de ontem, Casé foi
ao Fórum de Ferraz para saber
se havia ou não ordem da Justiça para prendê-lo. Ele foi pego
justamente nesse momento.
Casé foi levado para a Corregedoria da Polícia Civil e ficou
incomunicável. Seu advogado
não foi localizado pela Folha.
Até 21 de maio, Casé foi delegado seccional de Mogi das
Cruzes. No cargo, ele cuidou da
Polícia Civil em mais sete cidades da Grande São Paulo. Ele
foi afastado após o jornalista
Edson Ferraz, 25, da TV Diário
de Mogi das Cruzes, afiliada da
Rede Globo, sofrer um atentado a tiros, em Mogi. Ferraz denunciou em reportagens vários
crimes envolvendo policiais civis comandados por Casé.
A Secretaria da Segurança
Pública informou ontem, por
meio de nota oficial, que hoje
14 equipes da Corregedoria da
Polícia vão realizar as prisões
determinadas pela Justiça.
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