São Paulo, domingo, 18 de agosto de 2002

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Fibrina é usada como cola biológica

DA REPORTAGEM LOCAL

Do sangue, tudo se aproveita. Além das plaquetas, ricas em fatores de crescimento, os dentistas têm se utilizado da fibrina, uma proteína esbranquiçada, insolúvel, que constitui a parte essencial do coágulo sanguíneo.
Essa proteína, misturada com alguns pingos da enzima trombina, tem se mostrado uma eficiente cola biológica, substituindo as suturas tradicionais feitas com pontos cirúrgicos.
Segundo o implantologista Nilton De Bortoli Júnior, professor da Fundecto e da Sociedade Paulista de Cirurgiões Dentistas, as fibrinas podem ser obtidas da mesma maneira que são coletadas as plaquetas.
A diferença é que essa coleta só é possível por meio de uma centrífuga especial, capaz de separar as plaquetas, as fibrinas e os outros fatores sanguíneos.
As máquinas normalmente usadas para se obter o PRP (simples e aférese), afirma ele, separam e concentram apenas as plaquetas.
Bortoli Júnior diz que tem usado a cola de fibrina nas cirurgias que realiza para enxertos de PRP. Segundo ele, o processo de cicatrização se inicia em seis horas. Pelo método tradicional, a cicatrização acontece em 20 horas.
Uma pesquisa feita pela Faculdade de Odontologia da USP (Universidade de São Paulo), na cidade de Bauru, avaliou as duas técnicas em 15 pacientes submetidos a enxertos odontológicos. De um lado da arcada dentária, os enxertos foram suturados de forma tradicional, com pontos cirúrgicos. Do outro lado, foi utilizado um adesivo com uma cola biológica feita de fibrina.
Clinicamente, os enxertos com adesivos apresentaram menos inflamação, com tendência a recuperação mais rápida, além de menos dor, já que não passaram pelo processo da costura cirúrgica, e, portanto, não tiveram o tecido lesionado por agulhas.
O estudo foi apresentado como tese de doutorado à USP pela odontóloga Mônica de Oliveira.
A cola de fibrina, desenvolvida pelo Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Botucatu, é composta de veneno da cobra cascavel e fibrinogênio de grandes animais, uma proteína do plasma responsável pela coagulação do sangue.
Essa universidade já havia feito uma primeira experiência com o produto no tratamento de uma cirurgia em câncer de pele.


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