DA REPORTAGEM LOCAL

A construção de passarelas tubulares e cobertas para ligar as estações de trem diretamente a shoppings centers e edifícios comerciais da marginal Pinheiros deverá ser uma nova aposta para atrair passageiros à linha C da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), que leva Osasco a Jurubatuba.
A iniciativa e os gastos partem da própria iniciativa privada. Mas não deixa de ser uma alternativa de tentar elevar a demanda da ligação de trem que, mesmo depois de ter estações reformadas e obter um nível de serviço semelhante ao do Metrô, permanece ociosa até mesmo nos horários de pico.
Uma das passarelas já teve a obra aprovada na CPTM. Ela permitirá os acessos da estação Hebraica-Rebouças a um prédio comercial e ao shopping Eldorado.
O Estado também já foi procurado para permitir a construção de uma passarela que levaria os usuários da estação Morumbi a um edifício de escritórios e ao shopping Market Place. A CPTM promete ainda deslocar a estação Jaguaré para perto do parque Villa Lobos e do shopping de mesmo nome, permitindo fazer uma passarela ligando os três pontos.
O diretor de engenharia e obras da CPTM, Pedro Benvenuto, diz que as passarelas já eram pensadas há mais de três anos, quando sete das 15 estações da linha C foram inauguradas ou reformadas.
"Tentamos fazer parcerias com os shoppings, mas não conseguimos. A iniciativa privada só acreditou [no projeto de melhoria da linha C] depois que ficou pronto", diz Benvenuto, ressaltando que, agora, as despesas para essas modificações terão que ser bancadas integralmente pelas empresas.
Com um padrão de qualidade acima do restante da malha ferroviária e atravessando áreas nobres (Brooklin, Vila Olímpia, Cidade Jardim), a linha C conseguiu a elevação de 50% de sua demanda entre 2000 e 2002 -de 16,7 milhões para 25,1 milhões de usuários por ano. Mesmo assim, a ligação de trem, que recebeu investimentos de R$ 350 milhões para suas melhorias, transporta hoje somente metade do que era esperado.
A média diária de passageiros neste ano é de 75 mil. O governo Covas/Alckmin planejava que, com a inauguração da linha 5-lilás do Metrô (Capão Redondo-Largo Treze), em outubro de 2002, a linha C passaria a transportar 150 mil. Essa quantidade de passageiros também está aquém do potencial da linha C. A CPTM projeta uma demanda de 300 mil depois da integração com a futura linha 4-amarela do Metrô (Luz-Vila Sônia) e de 450 mil até 2010.
O interesse da iniciativa privada na integração com a linha C é motivado pelas características dela, mas principalmente por seu potencial de crescimento, segundo Paulo Veríssimo, diretor de operações do shopping Eldorado.
"Hoje a linha é ociosa. Mas pensamos no futuro, na demanda que deve atrair a linha 4", diz Veríssimo. A linha 4 do Metrô, cujas obras devem começar no final deste ano ou no começo de 2004, prevê a integração com a linha C na estação Pinheiros. O governo quer entregá-la neste mandato, que termina no fim de 2006.
Embora a autorização para a passarela do Eldorado já tenha sido dada pela CPTM e os projetos estejam prontos, as obras dela vão acompanhar a construção de um edifício comercial no atual estacionamento do shopping, a partir de 2004. "A passarela vai atrair quem trabalhar lá, mas também há uma perspectiva de que classe média use a linha para ir às compras", diz Veríssimo.


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