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Porto não pode ser responsabilizado, diz companhia
da Sucursal do Rio
O despejo de material dragado
na baía não pode ser responsabilizado pela atual situação da praia
de Sepetiba, afirma o diretor de
Engenharia e Desenvolvimento da
Companhia Docas do Rio de Janeiro, Ayrton Xavier.
"Não é justo atribuir às obras do
porto o que vem acontecendo há
20 anos. Compreendemos o problema. Estamos mobilizados para
a questão", disse.
Para Xavier, é preciso que haja
um estudo mostrando quando a
praia começou a ser soterrada pela
lama e se o porto influiu nesse
processo.
"Para nós, a questão do porto
também passa pela qualidade de
vida. O projeto não tem a intenção
de ser predatório", disse.
Com a proposta de preservação
ambiental, a Companhia Docas
acaba de criar o Conselho Consultivo de Meio Ambiente, com poder de vetar qualquer projeto prejudicial ao ecossistema.
A ampliação do canal de navegação do porto de Sepetiba começou
em 1996, com o objetivo de permitir que embarcações de grande
porte (até 150 mil toneladas) atraquem no cais.
O canal tem 18,5 m de profundidade. Nos três últimos anos, foram dragados 21 milhões de metros cúbicos de material retirado
do fundo do mar, em um trecho
de 12 quilômetros.
Docas planeja dragar mais 6 quilômetros da baía, com a retirada
de 6 milhões de metros cúbicos.
A ampliação do porto de Sepetiba faz parte do plano de aumento
de exportações do governo federal. Este ano, o presidente Fernando Henrique Cardoso visitou as
obras.
O projeto de ampliação está orçado em R$ 351,4 milhões. O governo espera que, em cinco anos,
Sepetiba tenha a capacidade de
movimentar 600 mil contêineres e
100 milhões de toneladas de produtos por ano, tornando-se o
maior porto do Atlântico Sul.
Responsável pela fiscalização
ambiental no Estado, a Feema
(Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente) credita a
destruição da praia de Sepetiba ao
lançamento de esgotos na baía e
ao depósito de materiais sólidos
trazidos pelos rios da região.
Em resposta a questionário enviado pela Folha, o presidente da
Feema, Eduardo Turano, escreveu
que o órgão avalia "possíveis danos causados" ao meio ambiente
local pelas obras no porto.
Segundo Turano, a Secretaria
Estadual de Meio Ambiente tem
realizado "diagnósticos atualizados" sobre a situação da baía de
Sepetiba.
O grupo Os Verdes e a Apedema
(Assembléia Permanente de Entidades em Defesa do Meio Ambiente) acusam a Companhia Docas do Rio de Janeiro de desobediência à legislação ambiental.
"O Rima (Relatório de Impacto
no Meio Ambiente) da ampliação
do porto era muito superficial.
Não tinha a avaliação do impacto
da dragagem na pesca, por exemplo", disse Sérgio Ricardo de Lima, ex-membro do Conselho Estadual do Meio Ambiente e coordenador de Os Verdes.
(ST)
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