São Paulo, Segunda-feira, 18 de Outubro de 1999
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EDUCAÇÃO
"Brincar ajuda na formação das crianças", dizem especialistas

CLEIDE FLORESTA
da Reportagem Local

Especialistas, psicólogos e professores apontam o ato de brincar como fator primordial na formação física e intelectual da criança.
Por ter um caráter essencialmente coletivo, a brincadeira permite o desenvolvimento de habilidades em todos os níveis: físico, motor, cognitivo (percepção), afetivo e social.
Tudo isso sem o sentimento de obrigação e pressão, que podem afugentar o interesse pelo aprendizado.
Esses ensinamentos "extracurriculares" ajudam no desenvolvimento acadêmico do adulto. Alguns professores utilizam brincadeiras e jogos de regras em sala de aula como uma maneira de atrair as crianças e ao mesmo tempo entrar em seu universo.
Segundo a psicopedagoga Maria Ângela Barbato, presidente da Associação Brasileira de Brinquedotecas e pesquisadora da área de brinquedos, muitas brincadeiras têm conteúdos implícitos, que são passados de forma espontânea.
"Quando a criança pula essa fase ela pode ter dificuldade para assimilar o conteúdo das matérias."
Quem deixa de brincar na infância pode apresentar outros tipos de problemas, como falta de autonomia, individualismo excessivo por falta de convívio social e até dificuldades motoras.
"As pessoas acham que brincar é algo superficial, mas, na realidade, o ato de brincar é um treinamento para os papéis que a criança vai exercer na sua vida adulta."

Eventos
O direito de brincar e os benefícios das atividades lúdicas no desenvolvimento das crianças estarão sendo discutidos em dois eventos que acontecem ainda este mês em São Paulo.
No dia 24, a Associação Internacional pelo Direito da Criança Brincar (Ipa) realiza uma caminhada no Horto Florestal (zona norte) para divulgar os benefícios e a importância das brincadeiras.
Nos dias 26 e 27 é a vez de educadores discutirem suas experiências no seminário "Brinquedos e Brincadeiras", que está sendo organizado pela associação Laramara, instituição filantrópica que atende jovens portadores de deficiências visuais.
Os dois eventos têm em comum o objetivo de resgatar a importância da brincadeira, que pouco a pouco vem sendo colocada de lado porque a criança tem de trabalhar para ajudar a família -situação que atinge cerca de 3,5 milhões crianças brasileiras com menos de 14 anos- ou porque suas atividades diárias (aulas particulares, videogames, televisão) não permitem.
"Com o desenvolvimento tecnológico as pessoas perceberam que perderam coisas simples. Já é possível notar que em todo mundo as pessoas estão se mobilizando para garantir a brincadeira às crianças", afirma Marilena Flores Martins, presidente da Ipa.


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