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Criador de bodes
encarna Conselheiro
especial para a Folha
Nos últimos três anos, quando
chega a data do aniversário do fim
da Guerra de Canudos, o ritual
tem sido o mesmo para o pequeno criador de bodes Afonso Cunha: ele pega seu cajado, veste um
camisolão azul, deixa a fazenda
Boa Esperança, no sertão baiano,
e se manda em romaria até Canudos para viver por um dia o papel
de Antônio Conselheiro.
Não, Cunha não é um fanático
religioso nem pensa ser a reencarnação do "Bom Jesus Conselheiro". Ele, aos 51 anos, admite que
gosta mesmo é de se divertir passeando no meio da multidão e
sendo o foco das atenções.
"Vixe, todo mundo brinca comigo e pede benção. Eu dou. O
pessoal gosta que é uma maravilha", fala, com sorriso aberto.
"Sempre tive um cabelão e uma
barba grande, mas depois que o
pessoal me descobriu e pediu que
eu viesse assim, acho que fiquei
mais parecido com ele."
Na romaria da semana passada,
duas coisas preocupavam o "clone" do Conselheiro: ser fotografado tomando cerveja ("o Conselheiro não fazia isso, não") e pagar
a viagem até Canudos. "Ninguém
me paga nada. Gosto, mas sai
muito caro." O criador de bodes
gasta R$ 20 na viagem.
(VA)
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