São Paulo, Segunda-feira, 18 de Outubro de 1999
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Criador de bodes encarna Conselheiro

especial para a Folha


Nos últimos três anos, quando chega a data do aniversário do fim da Guerra de Canudos, o ritual tem sido o mesmo para o pequeno criador de bodes Afonso Cunha: ele pega seu cajado, veste um camisolão azul, deixa a fazenda Boa Esperança, no sertão baiano, e se manda em romaria até Canudos para viver por um dia o papel de Antônio Conselheiro.
Não, Cunha não é um fanático religioso nem pensa ser a reencarnação do "Bom Jesus Conselheiro". Ele, aos 51 anos, admite que gosta mesmo é de se divertir passeando no meio da multidão e sendo o foco das atenções.
"Vixe, todo mundo brinca comigo e pede benção. Eu dou. O pessoal gosta que é uma maravilha", fala, com sorriso aberto. "Sempre tive um cabelão e uma barba grande, mas depois que o pessoal me descobriu e pediu que eu viesse assim, acho que fiquei mais parecido com ele."
Na romaria da semana passada, duas coisas preocupavam o "clone" do Conselheiro: ser fotografado tomando cerveja ("o Conselheiro não fazia isso, não") e pagar a viagem até Canudos. "Ninguém me paga nada. Gosto, mas sai muito caro." O criador de bodes gasta R$ 20 na viagem. (VA)


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