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Criminoso jogou álcool em ônibus antes de todos descerem
Escola também pegou fogo,
mas ninguém ficou ferido
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Cerca de duas horas após o
helicóptero da PM pegar fogo
no ar, uma nuvem de fumaça
densa e negra foi avistada do
campo de futebol aonde a aeronave fez o pouso forçado.
Era o resultado de outro incêndio, desta vez em três ônibus que passavam pela avenida
Dom Helder Câmara, uma das
mais movimentadas da zona
norte do Rio, a 10 km do local.
Nas vias entre os dois pontos,
tomadas pela fumaça, motoristas impressionados com a dimensão das chamas saltaram
dos seus carros. Já os condutores dos ônibus incendiados relataram terem sido obrigados
por criminosos a deixar os veículos, lotados de passageiros.
"Chegaram com armas falando: "desce, desce todo mundo", e
foram jogando álcool antes de
as pessoas descerem", contou o
motorista Severino Monteiro.
"Depois me obrigaram a entrar
em um carro e cruzar a pista para fechar o trânsito".
A secretaria e a empresa Rio
Ônibus (Empresa de Ônibus da
cidade do Rio) disseram que no
total houve oito ônibus queimados. Além dos três da avenida Dom Helder, houve dois ataques próximos da favela do Jacaré (zona norte) e mais três
em ruas não informadas. A empresa diz que os prejuízos somam R$ 2,5 milhões e que não
havia seguro.
O secretário de Segurança
José Mariano Beltrame atribuiu os incêndios a uma tentativa de "desmobilizar os efetivos policiais que estão espalhados pela cidade".
O motorista Fábio Nascimento, que conduzia um ônibus com cerca de 40 passageiros, afirmou que um dos bandidos apontou um fuzil para sua
cabeça até que o veículo pegasse fogo. "Foi desesperador, as
pessoas ficaram apavoradas."
Moradores do morro de São
João relataram momentos de
pânico durante a troca de tiros
na madrugada. "Foi muito tiro.
Aqui sempre teve essa disputa
[entre o morro dos Macacos e o
morro de São João], mas acho
que nunca foi assim", disse a
vendedora Heloísa Peixoto, 52.
A dona de casa Regina Monteiro Costa, disse que os policiais se negaram a subir o morro. "Nós pedimos, mas eles ficaram parados. Disseram que a
ordem era de não subir". Um
dos PMs contou que chegou à
favela às 3h30 mas só teve permissão para entrar às 7h30.
O secretário Beltrame argumentou que a interferência dos
policiais no conflito à noite traria insegurança aos moradores.
"Quando é noite a polícia não
entra. Temos responsabilidade.
A polícia não vai entrar de maneira açodada, sem o devido
planejamento. Quem não tem
compromisso com a sociedade
é o vagabundo, o marginal."
A escola municipal Jornalista Assis Chateaubriand, próxima ao morro dos Macacos,
também pegou fogo. A origem
das chamas, que atingiram
duas salas de aula, foram tiros
que atingiram a fiação elétrica
por volta das 13h, segundo a Secretaria de Educação. A secretaria diz que não houve feridos.
(LUISA BELCHIOR)
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