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LAZER NOTURNO
Projeto do governo acontece em três pontos da capital paulista e objetiva levar diversão a pessoas de baixa renda
Abertos até as 2h, parques atraem jovens
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
Quatro amigos saem do trabalho, às 23h. Em vez de ir para uma
típica balada, vão ao parque da Juventude jogar tênis.
Desde o dia 30 de novembro,
quando começou o projeto Noite
Paulistana, cenas como essa são
freqüentes em São Paulo. As atividades são monitoradas e acontecem em três pontos da cidade, até
as 2h. Além do parque da Juventude, integram o projeto o Parque
Estadual das Fontes do Ipiranga,
na zona sul, e o Conjunto Desportivo Baby Barioni, na zona oeste.
"Foi um achado. Como faço faculdade e trabalho, não tinha
tempo para jogar", diz Carlos Roberto Barreto, 22. Com outros três
colegas, ele tem ido da farmácia
em que trabalha direto para o parque. "É difícil encontrar quadras
de tênis na região, ainda mais de
graça. Nesse horário, então, é impossível", afirma.
O projeto, do governo estadual,
tem o objetivo de propiciar lazer a
pessoas de baixa renda e tirar jovens das ruas. "Os parques ficam
perto de favelas e do Cingapura",
diz o gestor técnico do projeto,
Carlos Roque.
Mesmo quem mora longe tem
participado. "Levo uma hora a pé
para chegar ao parque da Juventude", diz o estudante Edwing
Moyano Nunes, 19, que joga futebol com os amigos da Casa Verde.
Apesar de o projeto ter sido implantado há pouco mais de duas
semanas, já foi necessário fazer
uma alteração. O complexo Baby
Barioni funcionava até as 5h, mas,
em razão da baixa procura, passou a fechar às 2h -mesmo horário de fechamento dos outros núcleos do projeto.
Enquanto o parque da Juventude e o Fontes do Ipiranga recebem, em média, cem visitantes
por madrugada, o parque da zona
oeste tem recebido 70 pessoas.
"O jeito era levantar e ficar andando para espantar o sono", diz
o professor Reynaldo Pereira dos
Santos, 42. Ele conta que apenas
oito pessoas se inscreveram para
aulas de hidroginástica -os alunos têm faltado. "O tempo frio
também não colaborou."
De acordo com Roque, se o
complexo continuar ocioso, existe a possibilidade de alterar as atividades para outro núcleo.
Exercício noturno
As pessoas que praticam esportes à noite não podem deixar de
ter um repouso adequado, de no
mínimo cinco horas, e repor a
energia com uma boa alimentação. Essa é a ressalva da professora do Cepeusp (Centro de Práticas
Esportivas da USP) Maria de
Lourdes Cassis.
"O estímulo à pratica esportiva
é sempre positivo. Mas, à noite,
sem a luz do sol, as pessoas precisam lembrar de se hidratar", diz.
Outro ponto importante, segundo a professora, é fazer um relaxamento e alongamento ao final das
aulas. "É necessário uma "volta
calma" para diminuir os batimentos cardíacos, relaxar a musculatura e ficar próximo do padrão do
início da atividade."
Na quarta-feira passada, um
grupo de amigos jogou vôlei na
quadra do parque da zona sul até
o último minuto de funcionamento. "Fico cansado no dia seguinte, mas vale a pena. A gente se
diverte muito", diz o vendedor
Thiago Henrique da Silva, 20.
O coordenador do Fontes do
Ipiranga, João Paulo Garcia Neto,
45, está animado com o resultado
do projeto. "Um grupo de skatistas vem da Mooca para praticar
na rampa daqui. Eles pediram, e
permitimos que trouxessem som
para ouvir", diz.
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