São Paulo, domingo, 18 de dezembro de 2005

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LAZER NOTURNO

Projeto do governo acontece em três pontos da capital paulista e objetiva levar diversão a pessoas de baixa renda

Abertos até as 2h, parques atraem jovens

AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

Quatro amigos saem do trabalho, às 23h. Em vez de ir para uma típica balada, vão ao parque da Juventude jogar tênis.
Desde o dia 30 de novembro, quando começou o projeto Noite Paulistana, cenas como essa são freqüentes em São Paulo. As atividades são monitoradas e acontecem em três pontos da cidade, até as 2h. Além do parque da Juventude, integram o projeto o Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, na zona sul, e o Conjunto Desportivo Baby Barioni, na zona oeste.
"Foi um achado. Como faço faculdade e trabalho, não tinha tempo para jogar", diz Carlos Roberto Barreto, 22. Com outros três colegas, ele tem ido da farmácia em que trabalha direto para o parque. "É difícil encontrar quadras de tênis na região, ainda mais de graça. Nesse horário, então, é impossível", afirma.
O projeto, do governo estadual, tem o objetivo de propiciar lazer a pessoas de baixa renda e tirar jovens das ruas. "Os parques ficam perto de favelas e do Cingapura", diz o gestor técnico do projeto, Carlos Roque.
Mesmo quem mora longe tem participado. "Levo uma hora a pé para chegar ao parque da Juventude", diz o estudante Edwing Moyano Nunes, 19, que joga futebol com os amigos da Casa Verde.
Apesar de o projeto ter sido implantado há pouco mais de duas semanas, já foi necessário fazer uma alteração. O complexo Baby Barioni funcionava até as 5h, mas, em razão da baixa procura, passou a fechar às 2h -mesmo horário de fechamento dos outros núcleos do projeto.
Enquanto o parque da Juventude e o Fontes do Ipiranga recebem, em média, cem visitantes por madrugada, o parque da zona oeste tem recebido 70 pessoas.
"O jeito era levantar e ficar andando para espantar o sono", diz o professor Reynaldo Pereira dos Santos, 42. Ele conta que apenas oito pessoas se inscreveram para aulas de hidroginástica -os alunos têm faltado. "O tempo frio também não colaborou."
De acordo com Roque, se o complexo continuar ocioso, existe a possibilidade de alterar as atividades para outro núcleo.

Exercício noturno
As pessoas que praticam esportes à noite não podem deixar de ter um repouso adequado, de no mínimo cinco horas, e repor a energia com uma boa alimentação. Essa é a ressalva da professora do Cepeusp (Centro de Práticas Esportivas da USP) Maria de Lourdes Cassis.
"O estímulo à pratica esportiva é sempre positivo. Mas, à noite, sem a luz do sol, as pessoas precisam lembrar de se hidratar", diz. Outro ponto importante, segundo a professora, é fazer um relaxamento e alongamento ao final das aulas. "É necessário uma "volta calma" para diminuir os batimentos cardíacos, relaxar a musculatura e ficar próximo do padrão do início da atividade."
Na quarta-feira passada, um grupo de amigos jogou vôlei na quadra do parque da zona sul até o último minuto de funcionamento. "Fico cansado no dia seguinte, mas vale a pena. A gente se diverte muito", diz o vendedor Thiago Henrique da Silva, 20.
O coordenador do Fontes do Ipiranga, João Paulo Garcia Neto, 45, está animado com o resultado do projeto. "Um grupo de skatistas vem da Mooca para praticar na rampa daqui. Eles pediram, e permitimos que trouxessem som para ouvir", diz.


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