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SEGURANÇA SOB AMEAÇA
Para a Justiça, não há provas de que Marcola, transferido ontem, era alvo de tentativa de resgate
Juiz nega isolamento para líder do PCC
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
CRISTIANO MACHADO
COLABORAÇÃO PARA AGÊNCIA FOLHA, EM PRESIDENTE PRUDENTE
A Justiça afirmou ontem que as
provas apresentadas pela polícia
de que líderes do PCC eram o alvo
da tentativa frustrada de resgate
na penitenciária de Presidente
Bernardes (589 km de SP) são insuficientes e negou o pedido de
isolamento da cúpula da facção
em uma unidade de segurança
máxima com regime mais rígido.
Com essa decisão, o preso Marcos Willians Herbas Camacho, o
Marcola, líder máximo do PCC
(Primeiro Comando da Capital),
e outros integrantes da facção foram transferidos da Penitenciária
1 de Presidente Bernardes -onde
ocorreu a tentativa de resgate-
para outras penitenciárias comuns, sem bloqueador de celular
ou sistema de raios X.
Segundo decisão do juiz Carlos
Fonseca Monnerat, da Vara de
Execuções Criminais, Marcola e
outros líderes são "mal ou [nem]
sequer mencionados nas inúmeras horas de gravação telefônica".
As escutas eram a principal prova da polícia, cujo relatório justificou o pedido do Ministério Público de transferência de Marcola e
de outros quatro presos para o
RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) -os presos ficam em
celas individuais, são monitorados 24 h por câmeras e não têm
acesso a rádio, TV ou jornais.
A principal crítica do juiz foi em
relação à escuta na qual um organizador do resgate assumiria, segundo a polícia, que o alvo era
Marcola. Para Monnerat, a conversa gravada é confusa.
De acordo com os grampos, os
diálogos são os seguintes:
Interlocutor 1 - E aí, gordão? Já tá
falando aqui que é o seguinte, ó
moleque. É para buscar o menino
lá, o Marcola, entendeu?
Interlocutor 2 - Ahn.
Interlocutor 1 - Tá falando no
jornal aqui, mano.
Interlocutor 2 - Tá falando?
Interlocutor 1 - Tá. Tá falando
que era para resgatar o Marcos
Camacho, o Marcola. Eu tô com o
jornal aqui. Ele está aqui. Eu mandei comprar, vem pra cá.
Interlocutor 2 - É, estou com o
jornal aqui também.
Interlocutor 1 - O bagulho é louco. Tá bom, eu estou aqui te
aguardando.
"Apenas após a conclusão ou ao
menos o avanço das investigações
é que se poderá saber se o diálogo
não se referia apenas a uma notícia de jornal, ou se fazia referência
à afirmação contida na petição
[pedido]", afirmou o juiz.
O Ministério Público informou
que vai recorrer da decisão. "Nós
investigamos. Quem deve decidir
quais medidas tomar é a Secretaria da Administração Penitenciária e a Justiça", afirmou Godofredo Bittencourt, diretor do Deic
(Departamento de Investigações
sobre o Crime Organizado).
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