São Paulo, sexta-feira, 19 de março de 2010

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DEPOIMENTO

Em Congonhas, paciência chega ao céu antes de mim

DANILO GENTILI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Eu sei que Congonhas foi construído com a intenção de prover São Paulo com um aeroporto que não estivesse sujeito às enchentes do Tietê, como ocorria no Campo de Marte.
O que não eu sei é se foi uma boa troca. Minha chance de sobreviver num pouso na água é bem maior do que na pista de Congonhas. Ainda prefiro chegar ao Campo de Marte do que ir pro espaço.
Por causa da superlotação das pistas e do histórico de acidentes, dá medo pousar lá. Tenho a impressão de que, se antes de pousar eu pedir água, a aeromoça vai chegar aspergindo ela sobre mim.
Se houvesse atentados terroristas no Brasil, o sequestrador diria: "Se não libertarem meu líder, vou fazer esse avião pousar em Congonhas".
Mas não é só isso. Qualquer voo lá atrasa mais que o aluguel do Seu Madruga. Nas raras vezes que chego a Congonhas e meu avião está programado para sair no horário exato, ele atrasa porque chove.
Nesse aeroporto me sinto numa verdadeira rodoviária.
Quando eu entro naquele ônibus que leva a gente pro avião, meu impulso é sempre perguntar pro motorista se ele vai parar no Graal.
Sempre que preciso viajar por Congonhas, tenho inveja da minha paciência, pois ela chega ao céu muito antes do que eu.


DANILO GENTILI é humorista e um dos apresentadores do programa "CQC", da Bandeirantes


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