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DEPOIMENTO
Em Congonhas, paciência chega ao céu antes de mim
DANILO GENTILI
ESPECIAL PARA A FOLHA
Eu sei que Congonhas foi
construído com a intenção de
prover São Paulo com um aeroporto que não estivesse sujeito
às enchentes do Tietê, como
ocorria no Campo de Marte.
O que não eu sei é se foi uma
boa troca. Minha chance de
sobreviver num pouso na
água é bem maior do que na
pista de Congonhas. Ainda prefiro chegar ao Campo de Marte
do que ir pro espaço.
Por causa da superlotação
das pistas e do histórico de acidentes, dá medo pousar lá.
Tenho a impressão de que, se
antes de pousar eu pedir água, a
aeromoça vai chegar aspergindo ela sobre mim.
Se houvesse atentados terroristas no Brasil, o sequestrador
diria: "Se não libertarem meu
líder, vou fazer esse avião pousar em Congonhas".
Mas não é só isso. Qualquer
voo lá atrasa mais que o aluguel
do Seu Madruga. Nas raras vezes que chego a Congonhas e
meu avião está programado para sair no horário exato, ele
atrasa porque chove.
Nesse aeroporto me sinto
numa verdadeira rodoviária.
Quando eu entro naquele ônibus que leva a gente pro avião,
meu impulso é sempre perguntar pro motorista se ele vai parar no Graal.
Sempre que preciso viajar
por Congonhas, tenho inveja da
minha paciência, pois ela chega
ao céu muito antes do que eu.
DANILO GENTILI é humorista e um
dos apresentadores do programa
"CQC", da Bandeirantes
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