São Paulo, sexta-feira, 19 de março de 2010

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Após morte de Glauco, viúva passou a ser alvo de Nunes

Acusado diz à polícia que plano era levar Beatriz quando voltasse do refúgio no Paraguai

Seu objetivo era esclarecer, por meio de um líder religioso, quem foi seu irmão em outra vida; isso revela que não havia intenção de matar, diz defesa

ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, 25, acusado de matar o cartunista e líder religioso Glauco Vilas Boas, 53, e o filho Raoni, 25, disse à polícia que pretendia sequestrar Beatriz Galvão, viúva de Glauco, quando voltasse de seu refúgio no Paraguai.
Nunes foi preso no domingo à noite ao tentar cruzar a ponte da Amizade em Foz do Iguaçu (PR). Na quinta à noite, ele matou Glauco e Raoni a tiros na chácara do cartunista em Osasco, após tentar sequestrá-lo.
Seu objetivo no sequestro de Beatriz era cumprir o "desejo" de esclarecer, por meio de um líder religioso, quem foi seu irmão, Carlos Augusto, 22, em outras encarnações.
"Teria de se ausentar do local, mas voltaria até conseguir realizar seu intento que dissessem que seu irmão é o Cristo encarnado", diz trecho de seu interrogatório à Polícia Civil de Osasco anteontem em Foz do Iguaçu, onde ele está preso.
Outro possível alvo de sequestro era o líder religioso de nome Alfredo, também da igreja Céu de Maria, fundada e dirigida pelo cartunista.
O advogado de Nunes, Gustavo Badaró, confirma o plano do rapaz, mas, para ele, a confissão reforça sua versão de que o rapaz não tinha intenção de matar quando foi à casa do cartunista. Ele diz que a polícia distorce os fatos ao afirmar que o crime foi premeditado. "Em seu depoimento, Carlos Eduardo deixa claro que nunca teve a intenção de matar ninguém."
Para a polícia, o fato de Nunes ter vendido drogas por três meses na região da Vila Madalena para comprar a arma, como ele admite, aponta planejamento.
Ontem, a polícia ouviu a psicóloga Eneida, mãe de Felipe Iasi, 24, que levou Nunes de carro ao local do crime. O objetivo era tentar esclarecer a participação do rapaz. Há suspeita de que Iasi transportou Nunes na fuga após os assassinatos.
Policiais também cronometraram o trajeto feito por Iasi após deixar a chácara, na rota apontada pelo rastreador de seu carro. Querem saber se, de fato, ele não ajudou Nunes na fuga, como disse em seu depoimento.
Anteontem, a Polícia Civil apresentou dados a partir do celular de Nunes que apontam que ele percorreu na noite do crime 9 km em oito minutos. A base dos cálculos foram as torres de retransmissão do sinal.
O advogado de Iasi, Cássio Paoletti, afirmou que a polícia se precipitou em divulgá-los, pois as informações fornecidas pelas antenas não são precisas.
Os dados com base no celular de Nunes não tiveram autorização de Justiça de Osasco, o que pode levar questionamento por parte da defesa. A polícia diz ter usado uma autorização "preventiva", para qualquer investigação, fornecida pela Justiça da capital. O Tribunal de Justiça paulista informou que não comentaria o tema, já que poderá ter de analisá-lo futuramente.


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