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Após morte de Glauco, viúva passou a ser alvo de Nunes
Acusado diz à polícia que plano era levar Beatriz quando voltasse do refúgio no Paraguai
Seu objetivo era esclarecer, por meio de um líder religioso, quem foi seu irmão em outra vida; isso revela que não havia intenção de matar, diz defesa
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, 25, acusado de matar o cartunista e líder religioso Glauco
Vilas Boas, 53, e o filho Raoni,
25, disse à polícia que pretendia
sequestrar Beatriz Galvão, viúva de Glauco, quando voltasse
de seu refúgio no Paraguai.
Nunes foi preso no domingo à
noite ao tentar cruzar a ponte
da Amizade em Foz do Iguaçu
(PR). Na quinta à noite, ele matou Glauco e Raoni a tiros na
chácara do cartunista em Osasco, após tentar sequestrá-lo.
Seu objetivo no sequestro de
Beatriz era cumprir o "desejo"
de esclarecer, por meio de um
líder religioso, quem foi seu irmão, Carlos Augusto, 22, em
outras encarnações.
"Teria de se ausentar do local,
mas voltaria até conseguir realizar seu intento que dissessem
que seu irmão é o Cristo encarnado", diz trecho de seu interrogatório à Polícia Civil de
Osasco anteontem em Foz do
Iguaçu, onde ele está preso.
Outro possível alvo de sequestro era o líder religioso de
nome Alfredo, também da igreja Céu de Maria, fundada e dirigida pelo cartunista.
O advogado de Nunes, Gustavo Badaró, confirma o plano do
rapaz, mas, para ele, a confissão
reforça sua versão de que o rapaz não tinha intenção de matar
quando foi à casa do cartunista.
Ele diz que a polícia distorce os
fatos ao afirmar que o crime foi
premeditado. "Em seu depoimento, Carlos Eduardo deixa
claro que nunca teve a intenção
de matar ninguém."
Para a polícia, o fato de Nunes
ter vendido drogas por três meses na região da Vila Madalena
para comprar a arma, como ele
admite, aponta planejamento.
Ontem, a polícia ouviu a psicóloga Eneida, mãe de Felipe
Iasi, 24, que levou Nunes de carro ao local do crime. O objetivo
era tentar esclarecer a participação do rapaz. Há suspeita de
que Iasi transportou Nunes na
fuga após os assassinatos.
Policiais também cronometraram o trajeto feito por Iasi
após deixar a chácara, na rota
apontada pelo rastreador de seu
carro. Querem saber se, de fato,
ele não ajudou Nunes na fuga,
como disse em seu depoimento.
Anteontem, a Polícia Civil
apresentou dados a partir do celular de Nunes que apontam
que ele percorreu na noite do
crime 9 km em oito minutos. A
base dos cálculos foram as torres de retransmissão do sinal.
O advogado de Iasi, Cássio
Paoletti, afirmou que a polícia
se precipitou em divulgá-los,
pois as informações fornecidas
pelas antenas não são precisas.
Os dados com base no celular
de Nunes não tiveram autorização de Justiça de Osasco, o que
pode levar questionamento por
parte da defesa. A polícia diz ter
usado uma autorização "preventiva", para qualquer investigação, fornecida pela Justiça da
capital. O Tribunal de Justiça
paulista informou que não comentaria o tema, já que poderá
ter de analisá-lo futuramente.
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