São Paulo, quarta-feira, 19 de maio de 2004

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Gasto é maior entre mais ricos

DA SUCURSAL DO RIO

Os brasileiros mais ricos (que possuem mais de 8 bens de consumo no domicílio) gastam 10 vezes mais com saúde do que os mais pobres (que têm menos de 3 bens de consumo no domicílio).
Segundo os dados da parte brasileira da Pesquisa Mundial da Saúde feita pela Fiocruz para a OMS, os domicílios mais pobres gastam R$ 39 mensalmente com saúde, o que representa 13,2% do gasto total da família. Nas residências mais ricas, esse gasto é de R$ 424 ou 21,4% do gasto total.
Considerando todas as famílias brasileiras, a saúde representa 18,7% do gasto médio total de R$ 764,56, perdendo apenas para alimentação (37,2%) e despesas com a casa (29,2%).
O item que mais pesa no bolso na hora de gastar com a saúde é a compra de remédios, responsável, em média, por 32% dos gastos com saúde. Em seguida, aparecem os gastos com planos de saúde (25%), dentistas (16%), óculos e próteses (8%), internação (7%), exames (4%), consultas médicas (4%) e terapias (3%).

Planos de saúde
O perfil desses gastos, no entanto, varia de acordo com a classe social. Nos domicílios com mais bens de consumo (portanto, de maior renda), o item que mais pesa no orçamento familiar para a saúde é o plano de saúde, que representa 37,9% do dinheiro gasto. Nessas famílias, o gasto com remédios é de 20,9% do orçamento para saúde.
A situação se inverte quando são analisados os domicílios com menos de três bens de consumo. Nessas residências, 58,9% do gasto com saúde é reservado para a compra de remédios. O gasto com planos de saúde representa apenas 4,3% do total. Isso acontece porque a população mais pobre usa mais os serviços do SUS (Sistema Único de Saúde).
A pesquisa mostra ainda que 9,1% da população brasileira já teve que vender objetos ou fazer um empréstimo para pagar despesas com saúde. Entre as famílias mais pobres (menos de três bens por domicílio), esse percentual chega a 11,1%. Na faixa intermediária (entre quatro e sete bens de consumo na residência), a porcentagem é de 8,5%, enquanto nas famílias mais ricas (oito ou mais bens) essa proporção é de 6,9%.
Segundo a pesquisa, 13,1% das famílias brasileiras não conseguiram, da última vez que precisaram, comprar todos os remédios prescritos pelos médicos. Em 55% dos casos, as famílias apontaram a falta de recursos como razão para não comprar os remédios.


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