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"Viagra" barato leva brasileiros ao Uruguai
Alguns deles buscam o remédio por causa de impotência sexual; outros, como fonte alternativa -e ilícita- de renda
Comprimido custa 15 vezes menos no país vizinho, cuja lei obriga laboratórios estrangeiros a ceder patente para a fabricação de similar
SIMONE IGLESIAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RIVERA
"Viagra" a R$ 1,90 o comprimido. O preço e a facilidade na
compra de remédios para disfunção erétil têm levado centenas de brasileiros ao Uruguai.
Alguns, em razão da impotência. Outros, como fonte alternativa -e ilícita- de renda.
O produto, que custa no Brasil em média R$ 30 o comprimido de 50 mg, é barato no país
vizinho porque a legislação
uruguaia obriga os laboratórios
estrangeiros a quebrar suas patentes se houver interesse da
indústria farmacêutica local na
fabricação de similares.
Assim, nos últimos seis anos,
surgiram sete marcas locais de
remédios para disfunção erétil,
com o mesmo princípio ativo
-o sildenafil- do produto criado pela multinacional norte-americana Pfizer.
Estão disponíveis no mercado uruguaio caixas contendo de
2 a 20 comprimidos, com preços de R$ 4 a R$ 38. Há até versão mastigável, que, segundo
farmacêuticos de Rivera (cidade uruguaia que faz fronteira
com o Brasil pelo município
gaúcho de Santana do Livramento), tem efeito mais rápido
do que o comprimido.
Raquel Mansilla, farmacêutica e proprietária da Farmácia
Servi, em Rivera, disse que não
há necessidade de receita médica para comprar o produto e
nem restrição de quantidade.
"Quem quiser pode levar uma,
30, 50 caixas."
Outro dono de farmácia em
Rivera, que pediu para não ser
identificado, afirmou vender,
em média, cem caixas de Plenovit -a marca mais procurada,
cuja embalagem com 20 comprimidos custa R$ 38- por final de semana, quando o movimento de turistas na fronteira é
mais intenso. Segundo o farmacêutico, a maioria dos compradores é de brasileiros.
Ele disse que a venda de cada
comprimido a R$ 2 paga todas
as despesas da farmácia, impostos e ainda gera lucro. "Tem
gente que leva para vender a R$
8, R$ 10. Deve ganhar um bom
dinheiro."
Uma lei de patentes aprovada em 1998 pelo Parlamento
uruguaio é o que possibilita a
produção de drogas similares
ao Viagra, rebatizadas com nomes como Plenovit, Libeden,
Vimax e Maxfil, facilmente encontrados nas farmácias.
Para poder utilizar o mesmo
princípio ativo, porém, os laboratórios locais devem repassar
à empresa detentora da patente
5% do valor final do produto.
Na época da votação do projeto de lei, o atual ministro das
Relações Exteriores do Uruguai, Reinaldo Gargano, era senador pelo Partido Socialista e
foi contrário à aprovação. "Não
acho justo que se pague 5% aos
laboratórios de fora."
O ministro observou que no
Uruguai não há produção de genéricos e que a lei de 1998 foi
uma forma de tornar remédios
de outros países mais acessíveis aos uruguaios.
As três marcas mais vendidas
do "Viagra uruguaio" têm embalagens com dois, quatro, oito
e 20 comprimidos de 25 e 50
mg. Todos são bem parecidos
com o Viagra original, até na
cor azul. A exceção é o Maxfil,
cujas pílulas são amarelas. "É
para a esposa não desconfiar da
finalidade do remédio", brincou um farmacêutico uruguaio.
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