São Paulo, terça-feira, 19 de maio de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Exame aponta que deputado estava bêbado

Amostra de sangue colhida após batida que deixou 2 mortos tinha 7,8 decigramas de álcool por litro, teor equivalente a 4 taças de vinho

"É possível dizer com 100% de certeza que deputado estava sob influência alcoólica no momento da colisão", diz delegado


João Carlos Frigério-7.mai.2009
Honda Fit atingido pelo Volkswagen Passat do deputado estadual Fernando Carli Filho (PSB), do Paraná; 2 ocupantes morreram

AFONSO BENITES
DA AGÊNCIA FOLHA

O deputado estadual do Paraná Fernando Carli Filho (PSB), 26, estava bêbado no momento em que se envolveu em um acidente de trânsito em Curitiba, matando dois jovens. Exame de dosagem alcoólica feito pelo IML (Instituto Médico Legal) na amostra de sangue colhida após a batida mostrou que o político tinha 7,8 decigramas de álcool por litro de sangue, o que equivale a cerca de quatro taças de vinho. O resultado foi divulgado ontem pela Secretaria da Segurança Pública do Paraná.
Segundo o Código de Trânsito, o motorista que conduzir um veículo com concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a seis decigramas deve ser punido com detenção -de seis meses a três anos-, multa e suspensão ou proibição de obter a permissão ou a habilitação para dirigir. Carli Filho já estava com a carteira de habilitação suspensa por somar 130 pontos depois de já ter sido autuado 30 vezes.
O limite é 20 pontos. "Hoje é possível informar com 100% de certeza que o deputado estava sob influência alcoólica no momento da colisão", disse, por intermédio da assessoria, o delegado Armando Braga, da Delegacia de Delitos de Trânsito de Curitiba. O sangue foi colhido depois de o deputado ser socorrido -ele continua internado (leia texto ao lado)- cerca de duas horas após ter deixado o restaurante em que estava antes do acidente, em 7 de maio, diz a Secretaria da Segurança.
A batida causou a morte de Gilmar Rafael Souza Yared, 26, e Carlos Murilo de Almeida, 20. Segundo o promotor Rodrigo Chemim Guimarães, testemunhas disseram no inquérito que o deputado estava bêbado e guiava em alta velocidade.
O Ministério Público ainda aguarda as informações do radar, que pode constatar a velocidade do Volkswagen Passat guiado por Carli Filho. Como tem foro privilegiado por ser deputado estadual, Carli Filho é investigado pelo Ministério Público, com autorização do Tribunal de Justiça.

Sindicância
Ontem, o corregedor da Assembleia Legislativa, Luiz Accorsi (PSDB), decidiu pela abertura de uma sindicância para apurar se Carli Filho quebrou o decoro parlamentar. Após ser notificado, ele terá até dez dias para apresentar defesa. Accorsi prevê que a sindicância seja concluída em 30 dias.
Após o prazo, o relatório será enviado à Comissão de Ética, que terá mais 30 dias para decidir se apresenta um pedido de cassação de mandato. Carli Filho só perderá o mandato se 28 dos 54 deputados forem favoráveis à cassação, diz o presidente da comissão, Pedro Ivo (PT). A mãe de Gilmar Rafael Yared, Christiane Yared, 49, afirmou que vê com desconfiança a instauração da sindicância porque só um deputado, Tadeu Veneri (PT), manifestou-se publicamente sobre o caso. A irmã de Carlos Murilo de Almeida, Gislaine de Carvalho, 26, disse que quer que seja feita justiça.

Colaborou DIMITRI DO VALLE, da Agência Folha, em Curitiba



Texto Anterior: "Lei anticoxinha": Serra veta lei contra lanche calórico na escola
Próximo Texto: Outro lado: Parentes e defesa de político não comentam caso
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.