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EDUCAÇÃO
Proposta não define a origem dos recursos para a expansão
Nova fórmula do crédito educativo pretende abrir 200 mil vagas
DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília
O ministro Paulo Renato Souza
(Educação) apresentou ontem no
Congresso a proposta do governo
federal para expandir no segundo
semestre de 99 o número de beneficiados pelo crédito educativo em
200 mil vagas.
Entretanto, não deixou claro de
onde virá o dinheiro para financiar
a expansão nem como será possível conceder os novos benefícios a
partir de julho, se o projeto ainda
nem foi apresentado formalmente
ao Congresso.
Atualmente, 55 mil alunos recebem empréstimo da União para
pagar a faculdade. "Ainda estão
em aberto de onde virão os recursos e as condições de financiamento para os alunos. Mas eu garanto
que, a partir de julho, os alunos
que recebiam bolsas das filantrópicas já estarão recebendo o crédito educativo", disse Paulo Renato.
O MEC está negociando com o
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) empréstimo de emergência
para garantir parte dos R$ 300 milhões necessários para financiar
200 mil alunos. Segundo o ministro, o dinheiro que falta poderá vir
da emissão de títulos do governo.
Ontem à noite, depois de apresentar a proposta a deputados da
Comissão de Educação da Câmara,
Paulo Renato se reuniu com a
equipe econômica para fechar detalhes sobre a forma de financiar a
expansão do crédito educativo.
"Até o fim da semana, estaremos
enviando o projeto ao Congresso.
Como os deputados sabem que é
uma questão emergencial, será
aprovado logo", disse.
A proposta do MEC, entretanto,
é polêmica. Os deputados discordam da cobrança de juros de 12%
ao ano dos alunos. "Assim não vai
mudar nada o problema da inadimplência. É preciso cobrar menos", disse o deputado Nelson
Marchezan (PSDB-RS).
Filantrópicas
O MEC dará prioridade na concessão dos novos créditos aos alunos que recebiam bolsas de universidades filantrópicas e que perderam o benefício depois da aprovação da lei 9.732/98, que acabou
com a isenção da cota patronal
previdenciária que elas tinham.
Só terão direito ao crédito os alunos das filantrópicas que provarem não ter condições de pagar a
universidade. Para provar que são
carentes, deverão apresentar o imposto de renda deles e dos pais.
Segundo Paulo Renato, ainda
hoje sairá portaria regulamentado
como se dará a inscrição dos alunos candidatos aos novos créditos.
O MEC não sabe quantos universitários recebiam bolsas. Segundo
a Abruc (Associação Brasileira das
Universidades Comunitárias), só
nas 32 instituições de ensino superior filiadas à entidade, 90 mil alunos recebiam bolsas.
Paulo Renato descartou a possibilidade de o governo voltar atrás
na decisão de suspender a isenção
das filantrópicas para garantir a
manutenção das bolsas.
"Muitas filantrópicas davam bolsas a alunos que não precisavam,
que eram filhos de amigos dos reitores. Não vejo sentido em retornar à época das isenções."
A Abruc -que reúne as principais universidades católicas do
país- não ficou satisfeita com a
proposta do MEC. "Noventa mil
alunos já estão sem bolsas e não há
garantia nenhuma de que eles receberão o crédito imediatamente",
disse Rodrigo Lamego, secretário-executivo da Abruc.
Outro problema apontado é a
substituição da bolsa pelo empréstimo. "Bolsa e crédito não são a
mesma coisa. Antes, os alunos estudavam de graça. Agora, terão de
pagar quando se formarem."
A proposta do governo apresentada ontem abre para outras entidades financeiras a possibilidade
de gerenciar o crédito educativo,
função exercida até agora com exclusividade pela Caixa Econômica
Federal.
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