São Paulo, sábado, 19 de junho de 2004

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JUSTIÇA

Corregedoria irá apurar violência contra jovens

CAROLINA FARIAS
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS

A Corregedoria da Delegacia Seccional de Jundiaí vai investigar as denúncias feitas pelos seis adolescentes de Jarinu (71 km de São Paulo) que ficaram nove dias detidos em uma cela da cadeia de Jundiaí após se envolverem em uma briga na escola onde estudam.
Os rapazes disseram ter sofrido maus-tratos dos companheiros de cela, também adolescentes. Três garotos de Jarinu teriam apanhado de outros jovens.
Outra acusação apresentada por eles é o uso de maconha entre os que já estavam detidos no local antes da chegada do grupo. "Eles fumavam maconha e jogavam a fumaça na nossa cara. Queriam testar a gente, ver se iríamos querer fumar", disse um dos rapazes de Jarinu detidos, de 17 anos.
Na próxima semana, os adolescentes prestarão depoimento na Corregedoria sobre as acusações.
No último dia 9, oito jovens de Jarinu (seis garotos e duas meninas) tiveram a internação provisória decretada pela Justiça por envolvimento em brigas na escola estadual Jerônimo de Camargo. O último conflito ocorreu dois dias antes da detenção.
Os rapazes foram levados para a cadeia de Jundiaí. As duas garotas foram para a cadeia feminina de Itupeva. O grupo foi encaminhado para cadeias porque não há na região de Jundiaí local adequado para a internação de adolescentes. A cela só tinha jovens com menos de 18 anos, que estavam lá pela mesma razão -falta de local para a internação.
A cela onde o grupo de rapazes ficou detido tem capacidade para abrigar até dez, mas, segundo a seccional, costuma ter cerca de 20.
Também na próxima semana, a Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Jundiaí enviará ofício ao Cedeca (Conselho Estadual de Defesa da Criança e do Adolescente) relatando as condições do local de detenção. "A cadeia não tem condições para custodiar adolescentes", disse José Miguel Simão, membro do conselho que visitou a cela dos adolescentes.
Segundo relatos de Simão e dos garotos, não havia colchões para todos -o grupo de Jarinu dormiu no chão. As famílias também não puderam entregar agasalhos.
O diretor da cadeia de Jundiaí, Fernando Iwanaga, afirmou que não foi informado pelo grupo das agressões nem do uso de drogas por parte dos outros internados.


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