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Em meio à crise, Lula se recolhe em Brasília
Planalto trabalhou durante o dia para evitar que o acidente com o Airbus fosse considerado uma "tragédia anunciada"
Governo federal já estuda maneiras de reduzir o poder de Waldir Pires (Defesa), bastante criticado desde o início da crise área no país
LETÍCIA SANDER
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou boa parte do
dia ontem recolhido na residência oficial, o Palácio da Alvorada, enquanto integrantes
do governo trabalhavam para
evitar que se consolide a tese de
que o acidente com o Airbus foi
uma "tragédia anunciada".
O ministro das Relações Institucionais, Walfrido Mares
Guia, chegou a dizer que é "mera coincidência" ter havido dois
grandes acidentes com aviões
em menos de dez meses. "É, um
foi ano ar, na Amazônia, porque
um dos equipamentos, um
transponder, estava desligado.
O outro foi um avião que pousou, tocou o solo e não conseguiu parar", afirmou.
O discurso oficial é o de que
"nenhuma hipótese pode ser
excluída", que qualquer especulação agora seria leviandade
e que o governo não quer entrar
em "guerra de versões".
Mas, ao longo do dia, nos bastidores, o entorno do presidente tentou enfraquecer a tese de
que eventuais falhas na pista de
Congonhas contribuíram para
o acidente, versão incômoda
para o governo. Possíveis falhas
do piloto ou no avião também
eram mencionadas por assessores próximos ao presidente.
Na nota oficial distribuída na
tarde de ontem, mais de 15 horas depois da tragédia, o ministro da Defesa, Waldir Pires, endossou o pedido de "cautela".
Enquanto isso, o Planalto já
estuda uma forma de tirar poderes de Pires, bastante criticado nos últimos meses em razão
da crise aérea. Uma das possibilidades em estudo pelo presidente seria reforçar os poderes
do Conac (Conselho de Aviação
Civil). O conselho é responsável pela formação de políticas
para o setor aéreo.
Uma das idéias é criar uma
secretaria- executiva para o órgão, algo já previsto no estatuto
do Conac, mas até hoje não implantado. O Conac é presidido
pelo ministro da Defesa, mas
seu papel, neste caso, ficaria diluído, com preponderância do
secretário-executivo.
Terçol
Lula passou o dia ontem incomodado com um terçol na
pálpebra superior do olho direito. O presidente teve de ser
submetido a um processo cirúrgico pela manhã para a retirada do terçol.
Até o final do dia, o Planalto
havia recebido cartas de pêsames de pelo menos 13 chefes de
Estado e de governo.
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