São Paulo, Terça-feira, 19 de Outubro de 1999
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URBANISMO

Prefeitura põe em playground material que oferecia risco a crianças do centro

SP dá à periferia pedras rejeitadas

da Reportagem Local

A Prefeitura de São Paulo transferiu para a periferia da cidade pedras que não serviram como piso de playground em praça de Higienópolis (centro).
A mudança aconteceu na semana passada após polêmica com cerca de cem mães que moram perto da praça Buenos Aires e que rejeitaram as pedras alegando que havia risco para as crianças.
O Depave (Departamento de Parques e Áreas Verdes) aceitou o pedido, só que apenas mudou as pedras de lugar, para o parque Santa Amélia, no Itaim Paulista, zona leste da capital.
"Isso é absurdo. Se não era bom para a criança do centro, também não é bom para os nossos filhos", disse Júlio César de Souza, 37, bombeiro industrial.
Segundo o IQB (Instituto da Qualidade do Brinquedo e dos Artigos Infantis), a norma que regulamenta o assunto determina que a pedra até pode ser usada, desde que tenha no máximo pouco mais de um centímetro (12 milímetros) e que seja arredondada.
"O objetivo é impedir que a criança se machuque", disse Vanessa Moura Eler,24, coordenadora técnica do IQB.
No Itaim Paulista, a Folha encontrou pedras de até cinco centímetros de comprimento no playground das crianças. E as menores tinham pontas, o que contraria as normas técnicas.
O Depave informou que as pedras da praça Buenos Aires realmente foram transferidas para o parque Santa Amélia. Mas negou que tenha havido discriminação na transferência.
Segundo o departamento, o perfil de usuários da praça Buenos Aires era de crianças com até cinco anos. O público da praça Santa Amélia é de crianças mais velhas, que já sabem andar e estão menos sujeitas a acidentes.
"O playground do parque da zona leste estava sem pedrisco por causa de obras de manutenção. Só levamos as pedras para lá porque o local já usava esse tipo de material e nunca tivemos reclamações", afirmou o diretor do Depave, Luiz Cláudio Perez.
Segundo o diretor, as praças Buenos Aires e Santa Amélia são as únicas áreas de lazer da cidade que foram planejadas para usar o "pedrisco". As outras 29 áreas usam grama, areia ou terra.
Apesar de ser pouco usado em São Paulo, Perez afirmou que o pedrisco tem duas vantagens: facilita a drenagem e é mais "saudável" do que a terra, onde ocorre desenvolvimento de bactérias e transmissão de doenças.
O Depave informou que vai realizar uma pesquisa entre os usuários do parque Santa Amélia para definir se retira as pedras.


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