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Sala de crise no Rio monitora país todo e "regula" os atrasos
No local, autoridades aeronáuticas e companhias aéreas
tentam contornar os problemas com a operação-padrão
Até o acidente com o Boeing
da Gol, em 29 de setembro,
a chamada "sala de solução
de problemas" ainda não
havia sido muito usada
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
Centro de Gerenciamento de
Navegação Aérea, Sala de Crise
da Aeronáutica ou Sala de Solução de Problemas. Seja pelo nome oficial, ou pelos apelidos
que recebeu nas últimas duas
semanas, o que importa mesmo
é que ali são tomadas as decisões que tentarão garantir, no
meio da crise aérea provocada
pela operação-padrão dos controladores de vôos, que cada
passageiro chegue ao destino
que escolheu.
A Folha acompanhou, na última sexta-feira, duas horas
dos trabalhos na sala de crise,
localizada no Decea (Departamento de Controle do Espaço
Aéreo), ao lado do aeroporto
Santos Dumont, no centro do
Rio. Tudo o que se passa no espaço aéreo brasileiro é visto e
analisado por um grupo de pessoas especializadas em aviação
que se reveza, 24 horas por dia,
sete dias por semana.
Ali trabalham representantes da Aeronáutica, da Anac
(Agência Nacional de Aviação
Civil), da Infraero (estatal que
administra os aeroportos) e gerentes operacionais de todas as
empresas aéreas brasileiras
que decidem qual avião ficará
mais tempo no solo ou no ar. O
impacto daquela determinação
é mensurado imediatamente e
as mudanças vão acontecendo
a todo instante.
A sala
No meio da sala há uma grande mesa redonda, com laptops,
papéis, gráficos, rádios e telefones. À frente, um telão projeta
imagens de todo o espaço aéreo
brasileiro. Um emaranhado de
pontos amarelos mostra a localização de todos os aviões em
navegação naquele instante. De
repente, uma luz pisca.
"Não se assuste, isso significa
que um controlador de vôo
queria mais detalhes sobre
aquela aeronave. Ele pede que o
piloto acione uma espécie de
identificador e ele consegue
destacar aquele vôo e saber
quem é, sua altitude e rota", explica o chefe da sala, coronel
Guilherme Freitas Lopes.
Nas paredes, cartazes com os
gráficos detalhados de todas as
rotas usadas nas "aerovias" do
país. Um quadro, no canto esquerdo da sala, é usado para
anotar todos os vôos em atraso,
bem como as restrições de decolagem. Na sexta-feira, por
exemplo, havia uma restrição
de cinco minutos de vôos na rota Texas no aeroporto do Rio.
"Essa rota sai do Rio em direção ao Nordeste. Isso significa
que os aviões decolavam num
espaço de cinco minutos entre
eles. Essa decisão nós tomamos
há poucas horas", disse Lopes.
Na hora, havia também dois
aviões com atrasos de 30 minutos. "Nesse caso, o atraso é por
culpa da companhia, já que a
anotação no quadro está em
tinta preta. Quando anotamos
em vermelho é porque o atraso
aconteceu por determinação
nossa. Aí podem nos culpar",
disse o chefe da sala.
A sala foi criada há cerca de
um ano, para resolver problemas esporádicos e não teve
muito uso até agora. "Às vezes,
a quebra da peça de um avião
no Maranhão pode resultar no
atraso de um vôo, no dia seguinte, de São Paulo para Bogotá. Para isso foi criado o centro:
para que a navegação aérea tenha o menor prejuízo possível",
afirmou Lopes.
Cindacta 1
A atenção de todos na sala,
quase sempre, é voltada principalmente para a região do Cidacta 1 (Centro Integrado de
Defesa Aérea e Controle de
Tráfego Aéreo), com sede em
Brasília, que controla o tráfego
nos estados de São Paulo, Rio,
Minas Gerais, Distrito Federal,
Goiás, parte do Mato Grosso e
parte do Mato Grosso do Sul.
Ele gerencia cerca de 70% dos
vôos do país.
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