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Nos parques e ruas da capital, cães
ainda circulam sem a focinheira
Em Higienópolis, até o bebedouro de praça é utilizado por cachorros soltos
LÍVIA SAMPAIO
DO "AGORA"
Os parques da capital estão
bem sinalizados e os funcionários costumam exigir o uso da
focinheira para os cães das raças pit bull, rottweiler, mastim
napolitano e american staffordshire terrier, como determina a lei estadual. Foi o que
constatou a reportagem, na última semana.
Nas ruas, porém, a situação é
outra. Na última quarta-feira,
feriado da Proclamação da República, a reportagem flagrou
um rottweiler solto -sem guia,
enforcador e focinheira- circulando com dois homens em
uma praça da zona sul. No local,
ao mesmo tempo em que o cão
estava sem os equipamentos
exigidos pela lei, passeavam
crianças pequenas e mães com
carrinho de bebê.
De volta ao parques, enquanto a determinação da focinheira aparentemente é cobrada, a
obrigação do uso de coleira e
guia -uma portaria da própria
Secretaria Municipal do Verde
e Meio Ambiente- deixa a desejar. Na maioria dos parques
visitados havia cães de pequeno
e médio porte circulando livremente, mas nada se assemelha
à situação verificada no parque
Buenos Aires, no bairro de Higienópolis (região central de
São Paulo), tido como um dos
mais sofisticados da capital.
No local, a maioria dos cães
-quase todos de raça e acompanhados dos seus respectivos
donos- não usam coleira e correm livre pela praça, que se
transformou em "cachorródromo". Um cercado foi erguido
especialmente para os animais
ficarem soltos, mas o espaço
quase não é utilizado. O bebedouro -concebido originalmente para pessoas- estranhamente é usado pelos cães.
"O que ocorre ali é uma situação totalmente atípica e de extrema de falta de respeito. Tentamos chamar a atenção dos
usuários de todo o jeito, mas
não adianta", diz Renier Marcos Rottermund, do Depave
(Departamento de Parques e
Áreas Verdes), da prefeitura.
"O que mais revolta é que o
público é de pessoas que tiveram acesso à educação, que deveriam ser mais esclarecidas",
afirma. Segundo ele, a secretaria terá de chegar ao "cúmulo"
de contratar vigilantes para
controlar as ações dos usuários
e de seus respectivos cães nas
dependências do parque público. Isso deve ocorrer nas próximas duas semanas.
No parque Ibirapuera (zona
sul), a fiscalização foi intensificada na entrada, mas freqüentadores relatam que dentro do
local donos dos cachorros carregam as focinheiras nas mãos.
Esse era o caso da pit bull
Shiva, 4 anos. Enquanto estavam sentados no gramado, o
casal de donos retirou o acessório, mas voltou a colocá-lo ao
andar pelo parque. "Eu sempre
trago e uso a focinheira, ou não
deixam a gente entrar", conta a
estudante Ila Braga, 25. Ela
concorda com o uso do acessório, mas diz que o objeto "assusta" as pessoas.
Em Curitiba
O administrador Vinicius
Romero, 26 anos, precisa apenas usar guia e coleira quando
passeia com Willy, seu bull terrier de três anos. Na última
quarta-feira, ele levou o cão ao
parque Ibirapuera. "Meu cachorro é confundido com um
pit bull, mas é totalmente diferente", afirma.
Se vivesse em Curitiba, onde
a legislação abrange mais raças,
Romero precisaria comprar
uma focinheira. Além disso, na
capital do Paraná a multa para
infratores ultrapassa R$ 600,
enquanto em São Paulo é de
139,30. Fora as quatro raças
com as quais há restrições no
Estado de São Paulo, a lei em
Curitiba vale para pastor alemão, fila, dobermann e bull terrier ou qualquer outro cão com
mais de 20 quilos.
Ataques
Do início do ano até a última
quinta-feira, o Centro de Controle de Zoonoses da capital já
havia registrado 9.228 casos de
ataques de cães. Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, o
número representa desde
"simples arranhões até ataques
fatais." Em 2005, foram 17.477
ataques na capital.
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