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CRISE NO AR
Aeronáutica vai investigar conduta de controladores
Suspeita de crime militar motiva abertura de inquérito sobre ações de profissionais envolvidos em atrasos de vôos
Segundo o Comando da Aeronáutica, aproveitar momento de evidência para reivindicar aumento salarial contraria disciplina militar
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apontando indícios de crimes militares cometidos por
controladores de tráfego aéreo,
a Aeronáutica abriu um IPM
(Inquérito Policial Militar) para apurar a conduta dos personagens envolvidos nos longos
atrasos nos aeroportos que se
seguiram ao acidente do vôo
1907, que matou 154 pessoas no
dia 29 de setembro.
O inquérito nasceu de um
procedimento administrativo
instaurado quando começaram
os atrasos, em meados de outubro. Tornou-se um IPM, segundo alguns militares ouvidos pela Folha, pela existência de "indícios de crime". De acordo
com o Centro de Comunicação
Social da Aeronáutica, o procedimento foi aberto pelo Decea
(Departamento de Controle do
Espaço Aéreo), sob delegação
do Comando da Aeronáutica.
A investigação promete causar ainda mais cizânia entre os
controladores militares e o Comando da Aeronáutica. Ambos
lançam críticas uns aos outros
nos bastidores e transferem a
culpa sobre o caos nos principais aeroportos.
"Essas coisas têm que ser vistas com muito cuidado, para
não acirrar os ânimos. Esse
confronto não é bom", disse
Jorge Oliveira, da associação de
controladores do Rio.
Sem conhecimento específico do IPM, o procurador do Ministério Público Militar Giovanni Rattacaso considerou
"oportuna" a apuração. "Vi
panfletos criminosos, o camarada esculhambando o comandante da Aeronáutica. Diziam:
"companheiros, vamos pressionar, só quem anda de avião é rico, artista e político", comenta.
Ministro diplomático
A postura da Aeronáutica, de
não deixar em brancas nuvens
a indisciplina, também se choca com a abordagem diplomática e de negociação imposta pelo
ministro da Defesa, Waldir Pires, ao episódio. Ontem, a assessoria do ministério informou não ter conhecimento da
instalação do IPM.
O Comando da Aeronáutica
avalia que os controladores
aproveitaram um momento em
que estavam em evidência para
reivindicar melhores salários e
condições de trabalho, fugindo
à disciplina militar.
Para os controladores, o serviço deveria sair da alçada militar e tornar-se civil, à semelhança de outros países. Nesse
contexto, a Aeronáutica não teria feito o planejamento adequado nos últimos 20 anos.
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