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Pai e filho de 2 anos despencam de prédio de 18 andares em SP
Para a polícia, consultor de vendas jogou a criança e depois se arremessou; casal havia se separado recentemente
Mãe da criança, que é médica, recebeu um bilhete do ex-marido, em que ele dizia que a amava muito e desejava-lhe um bom plantão
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL
O consultor de vendas Cássio
Rodrigues, 30, e seu filho, Pedro Couto Rodrigues, 2, caíram
ontem por volta das 10h25 do
18º andar do edifício Arthur Labes, na Chácara Inglesa, zona
sul de São Paulo. Segundo a polícia, o mais provável é que o pai
tenha jogado a criança e depois
se arremessado. Um vizinho,
entretanto, disse ter visto apenas um volume em queda, o que
pode indicar que o pai estivesse
abraçado ao filho.
Pedro morava com a mãe, a
médica Kátia Regina Dias Couto, 36, no 5º andar do prédio.
Rodrigues e Kátia se haviam separado havia pouco mais de
cinco meses, depois de um relacionamento de cerca de quatro
anos. À polícia, a mãe de Rodrigues, Regina Imaculada, disse
que "o amor da vida dele era o
filho e a companheira".
Rodrigues chegou ao prédio
da Chácara Inglesa às 10h de
ontem. Encontrou Pedro e a
babá -nada demais. Pós-separação, ele mudara-se para a casa do pai, em São Caetano, mas
diariamente via o filho.
A babá deixou os dois juntos.
Viu-os novamente quando Rodrigues, com Pedro nos ombros, saiu do apartamento. No
16º Distrito Policial, que apura
as circunstâncias da tragédia,
ela disse que julgou que o pai
estivesse levando o filho para o
playground, no térreo. Mas em
vez de descer, Rodrigues subiu.
Pai e filho saíram do elevador
no último andar, venceram
dois lances de escada e emergiram na laje superior do edifício,
espécie de terraço. Há, inclusive, cadeiras de praia no local,
que fica a cerca de 60 metros de
altura. Todo o terraço é cercado
por uma mureta de 1,5 metro.
Com 2 anos e nove meses de
vida, o pequeno Pedro não conseguiria, sozinho, debruçar-se
no muro. A perícia não encontrou nenhuma cadeira encostada na mureta, nem objetos que
pudesse ter servido de escada.
Segundo o delegado Carlos
Henrique Fabrini, do 16º DP, a
mãe de Pedro, recebeu um bilhete do ex na terça-feira (ele
dizia que a amava muito e desejava-lhe um bom plantão). Ontem cedo, Rodrigues telefonou
-chorando- para a mãe dele.
Desculpava-se por algo que "tivesse feito e lhe causasse sofrimento". Procurou colegas de
trabalho, aos quais agradeceu
"o que haviam feito por ele".
Na área comum do prédio, a
menos de 3 metros da rua, os
corpos do pai e do filho foram
encontrados bem perto um do
outro. Kátia, que quase morreu
no parto de Pedro, nascido de
seis meses (por isso ele era chamado de Senninha), ficou em
estado de choque.
Colaborou ANDRÉ MONTEIRO , da FOLHA
ONLINE
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