São Paulo, quinta-feira, 19 de novembro de 2009

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Pai e filho de 2 anos despencam de prédio de 18 andares em SP

Para a polícia, consultor de vendas jogou a criança e depois se arremessou; casal havia se separado recentemente

Mãe da criança, que é médica, recebeu um bilhete do ex-marido, em que ele dizia que a amava muito e desejava-lhe um bom plantão

LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL

O consultor de vendas Cássio Rodrigues, 30, e seu filho, Pedro Couto Rodrigues, 2, caíram ontem por volta das 10h25 do 18º andar do edifício Arthur Labes, na Chácara Inglesa, zona sul de São Paulo. Segundo a polícia, o mais provável é que o pai tenha jogado a criança e depois se arremessado. Um vizinho, entretanto, disse ter visto apenas um volume em queda, o que pode indicar que o pai estivesse abraçado ao filho.
Pedro morava com a mãe, a médica Kátia Regina Dias Couto, 36, no 5º andar do prédio. Rodrigues e Kátia se haviam separado havia pouco mais de cinco meses, depois de um relacionamento de cerca de quatro anos. À polícia, a mãe de Rodrigues, Regina Imaculada, disse que "o amor da vida dele era o filho e a companheira".
Rodrigues chegou ao prédio da Chácara Inglesa às 10h de ontem. Encontrou Pedro e a babá -nada demais. Pós-separação, ele mudara-se para a casa do pai, em São Caetano, mas diariamente via o filho.
A babá deixou os dois juntos. Viu-os novamente quando Rodrigues, com Pedro nos ombros, saiu do apartamento. No 16º Distrito Policial, que apura as circunstâncias da tragédia, ela disse que julgou que o pai estivesse levando o filho para o playground, no térreo. Mas em vez de descer, Rodrigues subiu.
Pai e filho saíram do elevador no último andar, venceram dois lances de escada e emergiram na laje superior do edifício, espécie de terraço. Há, inclusive, cadeiras de praia no local, que fica a cerca de 60 metros de altura. Todo o terraço é cercado por uma mureta de 1,5 metro.
Com 2 anos e nove meses de vida, o pequeno Pedro não conseguiria, sozinho, debruçar-se no muro. A perícia não encontrou nenhuma cadeira encostada na mureta, nem objetos que pudesse ter servido de escada.
Segundo o delegado Carlos Henrique Fabrini, do 16º DP, a mãe de Pedro, recebeu um bilhete do ex na terça-feira (ele dizia que a amava muito e desejava-lhe um bom plantão). Ontem cedo, Rodrigues telefonou -chorando- para a mãe dele.
Desculpava-se por algo que "tivesse feito e lhe causasse sofrimento". Procurou colegas de trabalho, aos quais agradeceu "o que haviam feito por ele".
Na área comum do prédio, a menos de 3 metros da rua, os corpos do pai e do filho foram encontrados bem perto um do outro. Kátia, que quase morreu no parto de Pedro, nascido de seis meses (por isso ele era chamado de Senninha), ficou em estado de choque.


Colaborou ANDRÉ MONTEIRO , da FOLHA ONLINE


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