São Paulo, quinta-feira, 20 de maio de 2004

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OPERAÇÃO VAMPIRO

Com Humberto Costa, Luiz Cláudio Gomes da Silva sempre ocupou cargos de controle de finanças

Ministro da Saúde diz que se sente traído

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O ministro da Saúde, Humberto Costa, disse ontem a seus assessores que teve traída a relação de confiança que mantinha com Luiz Cláudio Gomes da Silva, preso pela Operação Vampiro.
Silva chefia a Coordenadoria Geral de Recursos Logísticos do ministério. Havia sido escolhido pelo próprio ministro. Ao menos desde 2001, era do "staff" de Costa -na época, secretário da Saúde de Recife. Silva cuidava do dinheiro da pasta, era diretor financeiro.
Já no ministério, em agosto de 2003, o ex-coordenador, participou da comissão que dirigiu temporariamente o Inca (Instituto Nacional de Câncer) durante uma crise administrativa, que acabou com o afastamento do então diretor da instituição. Silva assumiu a função de coordenador da área administrativa-financeira.
Ontem, para acompanhar de perto os desdobramentos das investigações sobre supostas irregularidades em concorrências internacionais a compra de medicamentos derivados de sangue, o ministro decidiu antecipar sua volta de Genebra, na Suíça, onde participava da 57ª Assembléia Mundial de Saúde.
Segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde, Costa foi informado dos mandados de prisão logo pela manhã, por telefone. Ao saber do suposto envolvimento de funcionários da pasta, inclusive os que ocupavam cargos de confiança, determinou o afastamento deles.
De acordo com a assessoria, o ministério só foi informado pela Polícia Federal da operação ontem de madrugada.
Em Recife (PE), os policiais apreenderam o equivalente a R$ 97 mil em dólares e euros, além de R$ 114 mil, no apartamento de Luiz Cláudio Gomes da Silva.
No local, os agentes federais encontraram também avisos de licitações, documentos do Ministério da Saúde e currículos de trabalho com indicações de pessoas para cargos e contratações.
Os papéis, um computador e um telefone celular foram recolhidos e levados com o dinheiro -US$ 22 mil, 7.500 e R$ 114 mil-, à Superintendência da PF em Pernambuco. O material será encaminhado hoje a Brasília.
A PF pernambucana tinha ordem para prender Silva em Recife. Isso acabou ocorrendo em Brasília. Os policiais receberam então a determinação de deter Lourenço Rommel Pontes Peixoto, mas ele não foi encontrado.
No flat de Peixoto, foram apreendidos dois recibos da galeria de arte Ranulpho, nos valores de R$ 99.550 e R$ 45 mil, e cinco certificados de autenticidade de obras dos artistas Lula Cardoso Ayres, Cícero Dias, Wellington Virgolino e Juarez Machado.


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