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CRIME NA CASERNA
Ministério Público Militar apura hipótese de vigilante ter sido morto por ter esbarrado na mãe de membro do Exército
Rixa é provável causa de morte em quartel
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Uma rixa com um militar é a razão investigada para a morte do
vigilante Evandro Alixandre Alves, 32, assassinado por asfixia
dentro do 1º Depósito de Suprimentos do Exército (Rocha, zona
norte do Rio), em fevereiro.
Já morto foi colocado pelos militares do quartel amarrado pelo
pescoço a uma corda para simular
que tinha cometido suicídio por
enforcamento, segundo peritos
do Hospital Central do Exército,
que fizeram o laudo cadavérico.
Alves foi preso em 11 de fevereiro. Os militares alegaram que ele
teria tentado pular o muro da unidade. Após 28 horas, ele apareceu
morto nas dependências do quartel. O exame de local de morte feito pela Polícia do Exército indicou
suicídio, mas o laudo cadavérico
derrubou essa versão. Segundo a
análise, Alves não apresentava lesões internas no pescoço, o que
descarta a hipótese de auto-eliminação por enforcamento.
Segundo o Ministério Público
Militar, encarregado da investigação, a hipótese mais provável para
o motivo do assassinato é uma rixa entre Alves e um militar.
Esse militar, cujo nome é mantido em sigilo e que nega o crime,
disse que, 15 dias antes da prisão,
teve uma briga com Alves no Jacaré (zona norte), onde os dois moram. A confusão começou porque
Alves deu um esbarrão involuntário na mãe do militar, de acordo
com os investigadores.
A investigação indica que, na
madrugada do dia 11, Alves passava em frente ao quartel, que é caminho de sua casa, e foi abordado
pelo militar e levado para dentro.
Essa é a versão mais provável, diz
o juiz militar Edmundo Franca de
Oliveira, que analisa o caso.
Responsável pelo laudo, o perito-legista Levi Miranda disse que
o exame cadavérico traz outros
elementos que podem derrubar a
versão de suicídio. O laudo contestou a informação do exame de
local de morte que relatou que Alves, antes de morrer, apresentava
comportamento depressivo e tinha alucinações. A segunda análise afirma que a vítima estava lúcida e não tinha usado drogas.
Segundo o legista, dois soldados
que dormiam no alojamento onde ficava a cela de Alves disseram
que deixaram o local por volta das
6h do dia 12 de fevereiro para tomar café e não viram nada. Quando voltaram, por volta das 7h, encontraram Alves já morto. Mas
Miranda disse que, por volta das
14h do mesmo dia, fez a necropsia
e constatou que ele teria morrido
pelo menos 12 horas antes.
Para o legista, é improvável a hipótese de Alves ter pulado o muro
do quartel, de 3 m de altura. Segundo Miranda, se ele tivesse feito
isso, teria arranhões nas mãos e
nos pés, o que não ocorreu.
O relações-públicas do Comando Militar do Leste, coronel Fernando Lemos, disse que, como há
controvérsias nos laudos, caberá à
Justiça Militar decidir qual o correto. Ele informou que o Exército
não comenta sobre investigações
que ainda não foram concluídas.
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