São Paulo, domingo, 20 de maio de 2007

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Bares e restaurantes da capital mantêm caça-níqueis ativos

Dos 85 estabelecimentos visitados pela reportagem na capital, 60 mantêm os equipamentos ilegais em funcionamento, mesmo após ação da polícia

CARLA MONIQUE BIGATTO
DO "AGORA"

MASTRANGELO REINO
REPÓRTER-FOTOGRÁFICO

Um mês depois de a polícia da capital declarar -com alarde- guerra à exploração de máquinas de caça-níqueis em São Paulo, a reportagem flagrou -entre os dias 15 e 17 de maio- em 60 estabelecimentos dos 85 visitados na capital, a atividade irregular. Em muitos casos, de acordo com comerciantes, os locais sequer são fiscalizados, e os donos falam em acordo com policiais -a polícia diz "desconhecer" a prática.
Desde 17 de abril, quando a Justiça determinou que fossem lacrados todos os equipamentos que exploram o jogo de azar, a capital assistiu à multiplicação de engradados de cerveja usados para camuflar as máquinas. "Passou um policial aqui e disse só para não deixar [o equipamento] visível", afirma o dono de um boteco.
Quem joga sabe da proibição. "Proibido está, mas o que envolve muito dinheiro sempre tem um jeitinho para funcionar", conta um freqüentador assíduo de uma lanchonete localizada na quadra dos fundos do prédio da Delegacia Geral da Polícia, no centro. Foi para lá que a Justiça enviou a ordem de apreensão das máquinas.
Dos bares visitados com caça-níqueis funcionando, muitos fazem parte da lista dos quase 1.400 lacrados em abril. Na região central, porém, apenas um voltou a ser lacrado, e o comerciante, autuado. Ainda assim, o local -que fica em frente ao 3º DP (Santa Ifigênia)- só foi vistoriado pela polícia depois de denúncia exibida por uma emissora de TV.
Em Santana (zona norte), por exemplo, quase 20 bares de uma mesma rua tem máquinas ativadas. A reportagem também encontrou máquinas na rua Ferreira de Araújo, em Pinheiros (zona oeste), a menos de cem metros do Departamento de Polícia da Capital, onde o jogo é investigado.
A facilidade de acesso e o alto faturamento, além do poder viciante entre seus jogadores, tornam os caça-níqueis tão populares. Os donos de bares podem comprar ou alugar as máquinas por cerca de R$ 2.000.


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