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Cabral recua e reduz altura de muro na Rocinha
Construção no entorno da favela na zona sul do Rio passará de 3 m para 90 cm
Altura inicial será usada apenas em trecho com risco de deslizamento; mudança não vale para as outras 12 favelas incluídas no projeto
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
Após quase dois meses de polêmica, o governador do Rio,
Sérgio Cabral Filho, recuou ontem. Diminuirá a altura do muro a ser construído no entorno
da Rocinha, na zona sul. Em audiência com associações de moradores, ele decidiu que será erguida uma mureta de até 90 cm.
Prevista inicialmente como
padrão, a barreira de 3 m só será usada em áreas de risco de
deslizamento de terra. A mudança vale só para a Rocinha.
Nas demais 12 comunidades
que fazem parte do projeto será
adotada a medida padrão, segundo a Emop (Empresa de
Obras Públicas). Ainda não se
sabe qual será a nova extensão
total do muro e da mureta.
A proposta do Estado era criticada por presidentes de associações de moradores de favelas, que consideravam o muro
símbolo de "segregação". Ao
custo estimado de R$ 40 milhões (incluindo indenização a
moradores removidos), 14,6
km de muros de 3 m seriam erguidos em volta de 13 favelas.
O objetivo oficial é conter a
expansão horizontal das construções irregulares. Críticos
apontavam que algumas comunidades escolhidas não cresceram em nove anos.
Na reunião, Cabral aceitou a
proposta do presidente da associação da Rocinha, Antônio
Ferreira, de construir trilhas
ecológicas nos limites da favela,
que serviriam como demarcador da comunidade e seriam
combinados com a mureta.
Foi aceita também a proposta de criar uma guarda florestal,
composta por moradores, cuja
responsabilidade será fiscalizar
o respeito ao limite delimitado.
O diretor de obras da Emop,
José Carlos Pinto, evitou falar
em recuo, citando "consolidação" e "simbiose" dos projetos
do governo e das comunidades.
Desde a divulgação do projeto, o governo vinha afirmando
que não cederia "um milímetro" na construção dos muros.
A Emop afirmara que a altura
havia sido definida pela "engenharia, de acordo com a responsabilidade social da obra".
Cabral não comentou a redução. Disse só que "quem quer
criar essa polêmica é quem não
vive a vida de uma comunidade
que precisa de investimentos".
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