São Paulo, quinta-feira, 20 de maio de 2010

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Má comunicação inflou crise no direito, diz reitor da USP

Para Grandino Rodas, revolta sobre livros seria evitado se tivesse havido mais informação

Ele diz que protestos não vão influenciar relação com a faculdade e que ofereceu ajuda para concluir reforma de prédio que abrigará biblioteca

DA REPORTAGEM LOCAL

Para o reitor da USP, João Grandino Rodas, falhas de comunicação da Faculdade de Direito foram decisivas para a recente mobilização de alunos, professores e funcionários.
Na última semana, os alunos pararam por dois dias em protesto contra as condições do prédio onde hoje já deveria estar funcionando a nova biblioteca. Os livros foram levados para lá no final da gestão de Rodas como diretor da faculdade, em janeiro. Para ele, caso os alunos tivessem sido informados sobre prazos de abertura e o que estava sendo feito, a polêmica teria sido evitada.

 

FOLHA - Quais as condições do prédio da nova biblioteca?
JOÃO GRANDINO RODAS -
Foi feita reforma em quatro andares. Toda a fiação foi verificada ou trocada. Eles têm condições de abrigar [os livros] em circunstâncias até melhores, pois no prédio histórico, nos locais onde essas bibliotecas se encontram, a fiação é de 1930. São as bibliotecas departamentais as transferidas, não a central [que guarda o acervo histórico].

FOLHA - Por que foi preciso transformar oito salas onde havia livros em salas de aula?
RODAS -
É um processo que começou quando assumi, em 2006, que teve como um dos objetivos reduzir o número de alunos por classe. Não saiu antes porque o processo não andou na reitoria de março até o dia seguinte à minha escolha para reitor, em novembro. Algumas dessas salas já têm aulas.

FOLHA - Os acontecimentos vão influenciar a relação entre a faculdade e a reitoria?
RODAS -
Não. Tanto que respondi ofícios do centro acadêmico e do diretor informando que a reitoria tem toda a vontade de colaborar com a reforma dos outros quatro andares da nova biblioteca. Deverá custar cerca de R$ 350 mil.

FOLHA - Como o sr. vê a participação de alunos, funcionários e professores nos protestos?
RODAS -
Num momento de transição, as forças se reacomodam. Procuram se demonstrar. Os grupos têm seus interesses. Não é só amor aos livros.
Por exemplo, a questão do Sintusp [sindicato dos funcionários]. Eles estão tentando pegar alguma bandeira. E não conseguiram uma mais forte.

FOLHA - Vê falha na condução do caso pela diretoria?
RODAS -
Não digo da atual diretoria. Se ela disse para as moças [bibliotecárias] colocarem [os livros na nova biblioteca] e elas preferiram em vez disso fazer campanha... Mas cada um tem a sua filosofia.
Se tomada há dois meses, a atual solução de usar uma ou duas salas do prédio antigo [para abrigar parte dos livros], enquanto se arrumam os outros andares [do novo prédio], e se ela tivesse sido noticiada, acabava o problema.

FOLHA - Como vê a suposta intervenção do vice-diretor [da faculdade, Paulo Borba Casella] impedindo a retirada dos livros do prédio novo para o prédio histórico?
RODAS -
Eu não conversava com o vice-diretor havia pelo menos um mês e meio. O que soube foi pela imprensa. Teria sido evitado se tivesse havido uma informação. Para a reitoria, por exemplo, não foram comunicados problemas que justificassem a retirada dos livros, como um possível vazamento.
Tive de perguntar. Não passou de uma torneira aberta. Nenhum livro foi afetado.


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