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Má comunicação inflou crise no direito, diz reitor da USP
Para Grandino Rodas, revolta sobre livros seria evitado se tivesse havido mais informação
Ele diz que protestos não vão influenciar relação com a faculdade e que ofereceu ajuda para concluir reforma de prédio que abrigará biblioteca
DA REPORTAGEM LOCAL
Para o reitor da USP, João
Grandino Rodas, falhas de comunicação da Faculdade de Direito foram decisivas para a recente mobilização de alunos,
professores e funcionários.
Na última semana, os alunos
pararam por dois dias em protesto contra as condições do
prédio onde hoje já deveria estar funcionando a nova biblioteca. Os livros foram levados
para lá no final da gestão de Rodas como diretor da faculdade,
em janeiro. Para ele, caso os
alunos tivessem sido informados sobre prazos de abertura e
o que estava sendo feito, a polêmica teria sido evitada.
FOLHA - Quais as condições do prédio da nova biblioteca?
JOÃO GRANDINO RODAS - Foi feita
reforma em quatro andares.
Toda a fiação foi verificada ou
trocada. Eles têm condições de
abrigar [os livros] em circunstâncias até melhores, pois no
prédio histórico, nos locais onde essas bibliotecas se encontram, a fiação é de 1930. São as
bibliotecas departamentais as
transferidas, não a central [que
guarda o acervo histórico].
FOLHA - Por que foi preciso transformar oito salas onde havia livros
em salas de aula?
RODAS - É um processo que começou quando assumi, em
2006, que teve como um dos
objetivos reduzir o número de
alunos por classe. Não saiu antes porque o processo não andou na reitoria de março até o
dia seguinte à minha escolha
para reitor, em novembro. Algumas dessas salas já têm aulas.
FOLHA - Os acontecimentos vão influenciar a relação entre a faculdade
e a reitoria?
RODAS - Não. Tanto que respondi ofícios do centro acadêmico e do diretor informando
que a reitoria tem toda a vontade de colaborar com a reforma
dos outros quatro andares da
nova biblioteca. Deverá custar
cerca de R$ 350 mil.
FOLHA - Como o sr. vê a participação de alunos, funcionários e professores nos protestos?
RODAS - Num momento de
transição, as forças se reacomodam. Procuram se demonstrar. Os grupos têm seus interesses. Não é só amor aos livros.
Por exemplo, a questão do
Sintusp [sindicato dos funcionários]. Eles estão tentando pegar alguma bandeira. E não
conseguiram uma mais forte.
FOLHA - Vê falha na condução do
caso pela diretoria?
RODAS - Não digo da atual diretoria. Se ela disse para as moças
[bibliotecárias] colocarem [os
livros na nova biblioteca] e elas
preferiram em vez disso fazer
campanha... Mas cada um tem a
sua filosofia.
Se tomada há dois meses, a
atual solução de usar uma ou
duas salas do prédio antigo [para abrigar parte dos livros], enquanto se arrumam os outros
andares [do novo prédio], e se
ela tivesse sido noticiada, acabava o problema.
FOLHA - Como vê a suposta intervenção do vice-diretor [da faculdade, Paulo Borba Casella] impedindo
a retirada dos livros do prédio novo
para o prédio histórico?
RODAS - Eu não conversava
com o vice-diretor havia pelo
menos um mês e meio. O que
soube foi pela imprensa. Teria
sido evitado se tivesse havido
uma informação. Para a reitoria, por exemplo, não foram comunicados problemas que justificassem a retirada dos livros,
como um possível vazamento.
Tive de perguntar. Não passou de uma torneira aberta. Nenhum livro foi afetado.
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