São Paulo, quarta, 20 de maio de 1998

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JUSTIÇA
Perito independente será contratado
Vítimas do Palace 2 querem outro laudo

da Sucursal do Rio

A Associação das Vítimas do Palace vai contratar peritos para realizar um laudo "independente" sobre as causas do desabamento do edifício Palace 2, que provocou a morte de oito pessoas no dia 22 de fevereiro no Rio de Janeiro.
A presidente da associação da vítimas, Rauliete Barbosa Guedes, criticou o resultado do laudo pericial do ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli), divulgado anteontem.
Segundo o laudo, 78% dos pilares do prédio foram construídos fora das normas de segurança, e a causa principal do desabamento foi o subdimensionamento de dois deles. Cada um desses pilares deveria sustentar 480 toneladas, mas teriam sido construídos para suportar apenas 230 toneladas.

Favorecimento
Para Rauliete, esse laudo pode favorecer o ex-deputado Sérgio Naya, dono da construtora Sersan.
"Está faltando que se comprove a utilização de material de péssima qualidade", disse a presidente da associação. "Não existiu somente erro de cálculo, e vamos provar isso."
Para o ICCE, o material utilizado na construção do Palace 2 não pode ser apontado como causa do desabamento.
O resultado do laudo reforça o argumento utilizado por Naya, que pretende responsabilizar o projetista do Palace, o engenheiro José Roberto Chendes. A Sersan nega que o material utilizado na construção do edifício fosse de má qualidade.
Em seu depoimento à polícia, Chendes admitiu erros de cálculo, mas afirmou que eles não seriam suficientes para derrubar o prédio.

Investigações
Hoje, às 14h, o delegado Carlos Alberto Nunes Pinto, responsável pelo inquérito que apura os responsáveis pela tragédia, divulgará o resultado das investigações e entregará o inquérito -que é baseado no laudo do ICCE- ao juiz Heraldo Saturnino de Oliveira, da 33ª Vara Criminal.



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