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Câmara ainda pode rejeitar contas
DA REPORTAGEM LOCAL
As prestações de contas da prefeita Marta Suplicy (PT), apesar
de aprovadas pelo TCM nos três
anos do governo petista, ainda
podem ser rejeitadas pela Câmara
Municipal. Se isso acontecer, a
prefeita se torna inelegível por
cinco anos, segundo previsão de
lei federal. Para alterar o parecer
do tribunal, no entanto, é preciso
o voto de 37 dos 55 vereadores.
Hoje, como o governo tem
maioria na Casa, a rejeição é improvável. Mas, para impedir que
uma eventual mudança na balança do Legislativo traga problemas
à petista, a estratégia da bancada
governista pode ser exatamente a
de colocar as contas em votação
ainda no último semestre da atual
legislatura -a partir de agosto.
Quando chega à Câmara, a
prestação de contas de cada exercício passa a tramitar como se fosse um projeto -não há ordem
cronológica para que entre na
pauta. Atualmente, por exemplo,
esperam votação as contas de
1992 a 2002, com exceção das de
1996 -já votadas e aprovadas pelos vereadores. Nada impede,
portanto, que as execuções orçamentárias de Marta furem a fila.
Do lado mais fraco
A assessoria jurídica do gabinete do vereador Ricardo Montoro
(PSDB), que faz oposição à prefeita, redigiu ontem uma representação a ser entregue hoje à Procuradoria Geral de Justiça. A intenção dos tucanos é ver o caso da dívida ativa apurado em todas as
frentes -cível e criminal.
A assessoria da procuradora informou, porém, que o setor de delitos de prefeitos só entrará na investigação se a Promotoria de Justiça Cidadania vislumbrar indícios da ocorrência de crime durante sua apuração.
Para o juiz aposentado e doutor
em direito criminal Luiz Flávio
Gomes, a posição adotada pela
prefeitura daqui para a frente pode determinar o prosseguimento
ou não dos processos no âmbito
político e administrativo devido a
necessária distinção entre as três
responsabilidades previstas no direito brasileiro: política, administrativa e penal.
"A responsabilidade política é
de quem governa; a administrativa é do órgão responsável pela informação; e a penal é pessoal, de
quem praticou o ato", esclarece.
Para Gomes, se a prefeitura admitir que apresentou cálculos errados, por exemplo, pode eventualmente se eximir política e administrativamente de punição.
O crime, porém, se houver, seguirá passível de sanção. Nesse
caso, a pena recairia sobre o funcionário que avalizou os cálculos.
Até agora, porém, o governo não
negou nem admitiu falhas nas
contas.
(SC e FERNANDA FERNANDES)
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