|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Avião começou a virar para a esquerda logo após pousar, afirma órgão da FAB
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Airbus-A320 começou a
adernar para o lado esquerdo
da pista logo depois de pousar
no aeroporto de Congonhas,
conforme comprovam marcas
deixadas pelos pneus da aeronave, disse ontem o chefe do
Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes
Aeronáuticos), brigadeiro Jorge Kersul Filho.
A real trajetória percorrida
pela aeronave foi apontada ontem pela equipe do Cenipa que
realizou vistoria na pista. Técnicos trabalharam até as 2h30.
O material, incluindo fotos, foi
enviado para análise pela Diretoria de Engenharia do Cenipa.
O brigadeiro afirmou não ter
condições ontem de dizer exatamente em que ponto da pista,
de 1.940 metros de comprimento, a aeronave deixou de
rodar seguindo o eixo da pista,
como faria normalmente.
""Por alguma razão, a aeronave não manteve a linha central.
Inicialmente, [a virada à esquerda] foi suave e depois
[cresceu] mais", declarou.
Foi na parte final da pista que
a aeronave convergiu ainda
mais para a esquerda e atingiu
os dois prédios após cruzar a
avenida Washington Luís.
Sem determinar qual foi a
causa da perda de direção do
avião, Kersul deixou claro que o
mais provável é que tenha havido falha mecânica.
Problemas
O brigadeiro citou ainda problemas no sistema de freios
-do qual fazem parte os reversores da turbina-, na própria
turbina e defeitos nos pneus,
por exemplo.
Qualquer falha nesses sistemas, incluindo erros de operação cometidos por pilotos, dificulta manter o avião no eixo.
Se o freio funciona bem somente de um dos lados, a tendência é que a aeronave comece
a virar para o outro lado, por
falta de equilíbrio. Um pneu
murcho pode também ter um
efeito semelhante.
Pouco antes da entrevista de
Kersul, o coronel Carlos Minelli de Sá, chefe do Serviço Regional de Proteção ao Vôo de
São Paulo, praticamente descartou influência da chuva ou
de defeitos na pista como causa
do acidente da TAM.
Sá afirmou que, por volta das
18h50 de terça-feira, havia
"pingos esparsos" de chuva no
aeroporto e não havia lâmina
d'água na pista principal.
Também disse que, na hora
da aterrissagem, o vento era de
somente 7 nós (13 km/h) e soprava na direção do eixo da pista. A visibilidade era de até 7
km. Ou seja, as condições eram
favoráveis à navegação aérea.
Ele descartou que houvesse
excesso de água na pista depois
de uma reclamação feita pelo
piloto da Gol que havia aterrissado às 17h07 daquele dia. O piloto dissera que a pista estava
escorregadia.
Texto Anterior: Tragédia em Congonhas/Causas: Para especialistas, só falha mecânica não explica acidente Próximo Texto: Dois dias após o acidente, Fokker-100 da TAM aborta pouso em Congonhas Índice
|