São Paulo, sexta-feira, 20 de julho de 2007

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Avião começou a virar para a esquerda logo após pousar, afirma órgão da FAB

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Airbus-A320 começou a adernar para o lado esquerdo da pista logo depois de pousar no aeroporto de Congonhas, conforme comprovam marcas deixadas pelos pneus da aeronave, disse ontem o chefe do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), brigadeiro Jorge Kersul Filho.
A real trajetória percorrida pela aeronave foi apontada ontem pela equipe do Cenipa que realizou vistoria na pista. Técnicos trabalharam até as 2h30. O material, incluindo fotos, foi enviado para análise pela Diretoria de Engenharia do Cenipa.
O brigadeiro afirmou não ter condições ontem de dizer exatamente em que ponto da pista, de 1.940 metros de comprimento, a aeronave deixou de rodar seguindo o eixo da pista, como faria normalmente.
""Por alguma razão, a aeronave não manteve a linha central. Inicialmente, [a virada à esquerda] foi suave e depois [cresceu] mais", declarou.
Foi na parte final da pista que a aeronave convergiu ainda mais para a esquerda e atingiu os dois prédios após cruzar a avenida Washington Luís.
Sem determinar qual foi a causa da perda de direção do avião, Kersul deixou claro que o mais provável é que tenha havido falha mecânica.

Problemas
O brigadeiro citou ainda problemas no sistema de freios -do qual fazem parte os reversores da turbina-, na própria turbina e defeitos nos pneus, por exemplo.
Qualquer falha nesses sistemas, incluindo erros de operação cometidos por pilotos, dificulta manter o avião no eixo.
Se o freio funciona bem somente de um dos lados, a tendência é que a aeronave comece a virar para o outro lado, por falta de equilíbrio. Um pneu murcho pode também ter um efeito semelhante.
Pouco antes da entrevista de Kersul, o coronel Carlos Minelli de Sá, chefe do Serviço Regional de Proteção ao Vôo de São Paulo, praticamente descartou influência da chuva ou de defeitos na pista como causa do acidente da TAM.
Sá afirmou que, por volta das 18h50 de terça-feira, havia "pingos esparsos" de chuva no aeroporto e não havia lâmina d'água na pista principal.
Também disse que, na hora da aterrissagem, o vento era de somente 7 nós (13 km/h) e soprava na direção do eixo da pista. A visibilidade era de até 7 km. Ou seja, as condições eram favoráveis à navegação aérea.
Ele descartou que houvesse excesso de água na pista depois de uma reclamação feita pelo piloto da Gol que havia aterrissado às 17h07 daquele dia. O piloto dissera que a pista estava escorregadia.


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