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TRAGÉDIA EM CONGONHAS/GOVERNO FEDERAL
Infraero vai restringir vôos em Congonhas
Presidente da estatal afirma que Anac reduzirá número de pousos e decolagens para 35 ou 36 por hora; atualmente, são 44
Governo também estuda outras medidas para
reduzir o movimento no aeroporto, entre elas banir os jatos executivos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da Infraero, José Carlos Pereira, afirmou ontem que o número de pousos e
decolagens por hora em Congonhas será novamente reduzido.
É a segunda alteração em menos de um mês.
Segundo ele, a Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil) pretende fazer com que o número
de slots (vôos por hora) passe
para 35 ou 36, mas não especificou quantos desses seriam para
vôos comerciais.
Hoje, há 44 slots ao todo, 38
deles para aviação comercial e o
restante para aviação geral -jatos executivos e táxi aéreo.
A Folha tentou ouvir a Anac
ontem, mas não obteve resposta até a conclusão desta edição.
A decisão, que deve começar
a ser aplicada nos próximos
dias, ocorre dois dias após o
acidente com o avião da TAM.
Integrantes da CPI do Apagão
Aéreo dizem que, na prática,
Congonhas opera com número
maior de pousos e partidas do
que o divulgado oficialmente.
Pereira, que chegou ao Palácio do Planalto no fim da tarde
para uma reunião com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil),
descartou que eventuais problemas na pista possam ter
causado o acidente, mas não
afastou a possibilidade de erro
do piloto ou falha nos equipamentos da aeronave.
Segundo a Folha apurou, o
governo estuda outras medidas
para reduzir o tráfego em Congonhas. Entre elas, estão:
1) jatinhos: vôos executivos
deverão ser restringidos fortemente. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é a favor de bani-los de Congonhas;
2) peso total dos aviões: a
idéia é ir além do recomendado
pelas normas internacionais.
Por exemplo, se o limite para o
Airbus-A320 da TAM era de 64
toneladas numa pista como
Congonhas, esse peso sofrerá
redução para algo como 60 toneladas nesse aeroporto;
3) cargas: embora os aviões
cargueiros não parem em Congonhas, os vôos de passageiros
acabam sempre ocupando espaço vago para transportar algum tipo de carga. Essa operação deve ser restringida ao máximo em Congonhas.
Uma das determinações que
Lula fará hoje ao Conac (Conselho Nacional de Aviação Civil) é para reavaliar a operação
do aeroporto. A médio e longo
prazos, ele quer ainda uma proposta para São Paulo, pois Congonhas está saturado, Guarulhos precisa de reforma e Viracopos, em Campinas, é distante
do centro da capital. Aumenta
a possibilidade de outro aeroporto na área metropolitana.
O Planalto avalia que é preciso "dar uma resposta" às cobranças da população por
maior segurança de vôo e também à pressão crescente das
associações de moradores da
região de Congonhas, altamente povoada, para a redução do
uso do aeroporto.
Fatalidade
Apesar disso, a versão do governo, a ser usada insistentemente por Lula, é que o acidente com o jato da TAM foi um
episódio em si, uma fatalidade,
e não teve relação nem com o
sistema de controle aéreo nem
com as condições em Congonhas. A única ressalva é que, se
a pista fosse maior, o Airbus teria mais chances de se salvar.
A pista principal, onde ele
pousou, tem 1.940 metros, dentro dos padrões internacionais
para jatos desse porte, mas sem
margem de segurança para excepcionalidades. A pista auxiliar tem 1.435 metros.
Ontem, a Infraero divulgou
nota em que reafirma que Congonhas "está plenamente dotado de condições operacionais"
e que o "acidente nada teve a
ver com fluxo aéreo intenso
nem com as condições climáticas daquele dia".
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