São Paulo, sexta-feira, 20 de julho de 2007

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TRAGÉDIA EM CONGONHAS/GOVERNO FEDERAL

Infraero vai restringir vôos em Congonhas

Presidente da estatal afirma que Anac reduzirá número de pousos e decolagens para 35 ou 36 por hora; atualmente, são 44

Governo também estuda outras medidas para reduzir o movimento no aeroporto, entre elas banir os jatos executivos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da Infraero, José Carlos Pereira, afirmou ontem que o número de pousos e decolagens por hora em Congonhas será novamente reduzido. É a segunda alteração em menos de um mês.
Segundo ele, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) pretende fazer com que o número de slots (vôos por hora) passe para 35 ou 36, mas não especificou quantos desses seriam para vôos comerciais.
Hoje, há 44 slots ao todo, 38 deles para aviação comercial e o restante para aviação geral -jatos executivos e táxi aéreo.
A Folha tentou ouvir a Anac ontem, mas não obteve resposta até a conclusão desta edição.
A decisão, que deve começar a ser aplicada nos próximos dias, ocorre dois dias após o acidente com o avião da TAM. Integrantes da CPI do Apagão Aéreo dizem que, na prática, Congonhas opera com número maior de pousos e partidas do que o divulgado oficialmente.
Pereira, que chegou ao Palácio do Planalto no fim da tarde para uma reunião com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), descartou que eventuais problemas na pista possam ter causado o acidente, mas não afastou a possibilidade de erro do piloto ou falha nos equipamentos da aeronave.
Segundo a Folha apurou, o governo estuda outras medidas para reduzir o tráfego em Congonhas. Entre elas, estão:
1) jatinhos: vôos executivos deverão ser restringidos fortemente. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é a favor de bani-los de Congonhas;
2) peso total dos aviões: a idéia é ir além do recomendado pelas normas internacionais. Por exemplo, se o limite para o Airbus-A320 da TAM era de 64 toneladas numa pista como Congonhas, esse peso sofrerá redução para algo como 60 toneladas nesse aeroporto;
3) cargas: embora os aviões cargueiros não parem em Congonhas, os vôos de passageiros acabam sempre ocupando espaço vago para transportar algum tipo de carga. Essa operação deve ser restringida ao máximo em Congonhas.
Uma das determinações que Lula fará hoje ao Conac (Conselho Nacional de Aviação Civil) é para reavaliar a operação do aeroporto. A médio e longo prazos, ele quer ainda uma proposta para São Paulo, pois Congonhas está saturado, Guarulhos precisa de reforma e Viracopos, em Campinas, é distante do centro da capital. Aumenta a possibilidade de outro aeroporto na área metropolitana.
O Planalto avalia que é preciso "dar uma resposta" às cobranças da população por maior segurança de vôo e também à pressão crescente das associações de moradores da região de Congonhas, altamente povoada, para a redução do uso do aeroporto.

Fatalidade
Apesar disso, a versão do governo, a ser usada insistentemente por Lula, é que o acidente com o jato da TAM foi um episódio em si, uma fatalidade, e não teve relação nem com o sistema de controle aéreo nem com as condições em Congonhas. A única ressalva é que, se a pista fosse maior, o Airbus teria mais chances de se salvar.
A pista principal, onde ele pousou, tem 1.940 metros, dentro dos padrões internacionais para jatos desse porte, mas sem margem de segurança para excepcionalidades. A pista auxiliar tem 1.435 metros.
Ontem, a Infraero divulgou nota em que reafirma que Congonhas "está plenamente dotado de condições operacionais" e que o "acidente nada teve a ver com fluxo aéreo intenso nem com as condições climáticas daquele dia".


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