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TRAGÉDIA EM CONGONHAS/MEDO
Receoso, passageiro troca avião por ônibus para SP
No Rio de Janeiro e em Porto Alegre, alta procura faz empresas aumentarem frota
No Rio, a procura pela viagem rodoviária para SP aumentou tanto que as empresas colocaram 30 ônibus extras por dia
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Ainda vai levar tempo para
que a movimentação de passageiros em Congonhas volte ao
normal, na opinião de funcionários e passageiros que estiveram ontem no aeroporto.
"Os pilotos, que eram uns
brincalhões, agora andam calados", diz Eunice Alves, que há
quatro anos dirige microônibus
que transporta tripulações.
Enquanto isso, em Porto Alegre e no Rio de Janeiro, quem
vem para São Paulo começa a
engrossar filas nas rodoviárias.
No Rio de Janeiro, a procura
pela viagem rodoviária para
São Paulo aumentou tanto que
as empresas colocaram 30 ônibus extras por dia em suas linhas. Na rodoviária Novo Rio, a
procura por passagens para SP
subiu 30% em relação a 2006.
Nesse trajeto, diariamente
83 ônibus saem do Rio e 87 chegam de São Paulo. A empresa
1001 abriu 12 horários extras
hoje e 18 no domingo, quando a
procura deve crescer.
A gerente de recursos humanos Fernanda Rodrigues, 33,
achou que seria mais rápido
viajar de ônibus. "Entre ficar
um dia inteiro no aeroporto e
viajar seis horas de ônibus, a
melhor opção é a segunda."
O acidente com o Airbus A-320 da TAM teve impacto na
decisão da servidora pública,
Suzana Lage Drumond, 46.
Ela preferiu vir por terra porque a agência onde comprou
sua passagem aérea de retorno
ao Rio indicou o ônibus como
melhor alternativa. "Não consegui falar com a TAM porque
ninguém me dava resposta.
Gastei uma fortuna de táxi porque, na confusão, tudo parou."
Muitos gaúchos ficaram receosos de ir de avião para São
Paulo e trocaram o aeroporto
pela rodoviária. Em Porto Alegre, a distância de 1.109 km até
São Paulo, que leva até 18 horas
para ser percorrida de ônibus,
não desanimou passageiros.
Por causa disso, empresas
que fazem o trajeto tiveram que
disponibilizar mais ônibus para
as viagens. A viação Penha colocou dois carros extras na rodoviária para fazer o percurso
até São Paulo. Normalmente
são três ônibus, que levam, em
média, 120 passageiros por dia.
O diretor da Penha na rodoviária de Porto Alegre, Luiz
Santos, disse que houve aumento da demanda pelo trecho
nesta semana, superior ao esperado no período de férias. Ele
diz que 80 pessoas compraram
passagem para São Paulo ontem, e os dois ônibus adicionais
saíram de Porto Alegre lotados.
Sem medo de voar
Nem todos os passageiros desistiram de Congonhas, mas os
que iriam voar ontem estavam
receosos. Ana Odélia, que retornava à Bahia, levou fotos, tiradas de seu celular, do prédio
atingido pelo avião. "Minha
mãe pediu para ir de ônibus. Se
não tivesse compromisso, iria."
"Não dá para deixar de voar",
diz Alexandre Cantella, que
embarcou com o filho para o
Rio, rumo ao Pan.
Janaína, aeromoça há seis
meses, esteve anteontem no
vôo da TAM de Porto Alegre
para São Paulo, que transportou familiares das vítimas do
acidente. Ontem, estava em
Congonhas para voltar a voar.
"O difícil foi atender os familiares, a gente está acostumada
a sorrir. Eu disse que estava lá
para ajudá-los no que fosse necessário, mas desabei quando
cheguei em casa", disse.
(FERNANDO BARROS DE MELLO, DIANA BRITO, SIMONE IGLESIAS, FLÁVIO ILHA, JOÃO
CARLOS MAGALHÃES E MARI TORTATO)
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