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BARBARA GANCIA
Elas, sempre elas
O pool de construtoras que reforma Congonhas é aquele que ganha dez entre dez concorrências públicas no país
F
AÇO ALGUMAS considerações
sobre o acidente envolvendo o
Airbus da TAM. Ontem, ao
acordar, dei de cara com uma manchete na internet dizendo: "Fokker-100 arremete em Congonhas". Em
seguida, falei com um consultor aeronáutico, que me disse temer que a
onda de informações sem sentido,
comuns depois de desastres aéreos,
tivesse tomado vulto.
Para as grandes companhias, explicou ele, o pouso nada mais é do
que "uma arremetida que não se
realizou". Ou seja, pilotos de grandes aeronaves estão sempre preparados para pousar e decolar novamente, caso algo dê errado. Que isso
tenha ocorrido em Congonhas, dois
dias depois do maior acidente da
nossa história, não é notícia. E colocar esse tipo de informação em
manchete presta desserviço ao internauta, semeia pânico entre usuários do sistema aéreo e desvia o foco
do problema.
Sei que não adianta olhar para
trás. Não adianta questionar os motivos que levaram à construção do
aeroporto em Cumbica (nuvem baixa, em tupi-guarani), quando a rodovia dos Bandeirantes foi projetada
para que seu canteiro central abrigasse um trem rápido que faria a
ponte entre a capital e Viracopos,
onde as condições meteorológicas
são bem mais favoráveis.
Não adianta chorar a dor da minha amiga e adversária no tênis,
uma mulher para lá de ponta firme,
que perdeu dois irmãos na mais recente tragédia da aviação brasileira.
Mas adianta, sim, cobrar explicações. Da Anac e da Infraero, sobretudo, órgãos públicos que, como
qualquer passarinho sabe, vêm sendo usados para politicagem. Mas,
também, do pool de construtoras
que realiza a reforma em Congonhas. O grupo reúne as mesmas de
sempre, que ganham dez entre dez
concorrências públicas no país e
que, entre outras obras, são responsáveis pela construção da linha quatro do metrô, em São Paulo, onde sete pessoas morreram soterradas no
mês de janeiro.
Sabemos que essas mesmas construtoras de sempre custeiam as
campanhas políticas de uma quantidade de políticos que excede o número de parlamentares até da bancada do PT. É imprescindível que se
comece, pois, a investigar item por
item de como são feitas as obras que
elas entregam ao público. A começar
pelo custo de cada uma.
Sobre a acusação de que a TAM
pode estar tentando, digamos, aliviar o peso dos ombros, vale lembrar
que a empresa é gato escaldado. E
que, nos EUA, existe um sem número de escritórios de advocacia especializados em processar, numa espécie de contrato de risco com as famílias das vítimas, todos os envolvidos
em desastres aéreos. Desde os fabricantes dos pneus do avião, até a
companhia. E que a TAM e a Fokker
foram condenadas, nos EUA, pela
queda do Fokker-100, em 1996.
Tro-pe-ça!
Sabe-se que, apesar do sobrenome
alemão, o ex-jogador de basquete,
Oscar Schmidt, não é nenhum
Emanuel Kant. Mas, durante a
apresentação da ginástica, no Pan,
ele extrapolou. Vaiou os atletas
não-brasileiros que se apresentaram, tentando forçá-los ao erro. Alguém deveria explicar ao Oscar que
esporte individual não é futebol,
basquete ou vôlei, em que torcedores podem dar uma de visigodos.
Pra terminar, uma perguntinha:
Alô, Zé Dirceu! Por que será que
um atleta da delegação cubana no
Pan se escafedeu, e os que ficaram
estão sob vigilância cerrada?
barbara@uol.com.br
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