São Paulo, sexta-feira, 20 de julho de 2007

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BARBARA GANCIA

Elas, sempre elas

O pool de construtoras que reforma Congonhas é aquele que ganha dez entre dez concorrências públicas no país

F AÇO ALGUMAS considerações sobre o acidente envolvendo o Airbus da TAM. Ontem, ao acordar, dei de cara com uma manchete na internet dizendo: "Fokker-100 arremete em Congonhas". Em seguida, falei com um consultor aeronáutico, que me disse temer que a onda de informações sem sentido, comuns depois de desastres aéreos, tivesse tomado vulto.
Para as grandes companhias, explicou ele, o pouso nada mais é do que "uma arremetida que não se realizou". Ou seja, pilotos de grandes aeronaves estão sempre preparados para pousar e decolar novamente, caso algo dê errado. Que isso tenha ocorrido em Congonhas, dois dias depois do maior acidente da nossa história, não é notícia. E colocar esse tipo de informação em manchete presta desserviço ao internauta, semeia pânico entre usuários do sistema aéreo e desvia o foco do problema.
Sei que não adianta olhar para trás. Não adianta questionar os motivos que levaram à construção do aeroporto em Cumbica (nuvem baixa, em tupi-guarani), quando a rodovia dos Bandeirantes foi projetada para que seu canteiro central abrigasse um trem rápido que faria a ponte entre a capital e Viracopos, onde as condições meteorológicas são bem mais favoráveis.
Não adianta chorar a dor da minha amiga e adversária no tênis, uma mulher para lá de ponta firme, que perdeu dois irmãos na mais recente tragédia da aviação brasileira. Mas adianta, sim, cobrar explicações. Da Anac e da Infraero, sobretudo, órgãos públicos que, como qualquer passarinho sabe, vêm sendo usados para politicagem. Mas, também, do pool de construtoras que realiza a reforma em Congonhas. O grupo reúne as mesmas de sempre, que ganham dez entre dez concorrências públicas no país e que, entre outras obras, são responsáveis pela construção da linha quatro do metrô, em São Paulo, onde sete pessoas morreram soterradas no mês de janeiro.
Sabemos que essas mesmas construtoras de sempre custeiam as campanhas políticas de uma quantidade de políticos que excede o número de parlamentares até da bancada do PT. É imprescindível que se comece, pois, a investigar item por item de como são feitas as obras que elas entregam ao público. A começar pelo custo de cada uma.
Sobre a acusação de que a TAM pode estar tentando, digamos, aliviar o peso dos ombros, vale lembrar que a empresa é gato escaldado. E que, nos EUA, existe um sem número de escritórios de advocacia especializados em processar, numa espécie de contrato de risco com as famílias das vítimas, todos os envolvidos em desastres aéreos. Desde os fabricantes dos pneus do avião, até a companhia. E que a TAM e a Fokker foram condenadas, nos EUA, pela queda do Fokker-100, em 1996.

Tro-pe-ça!
Sabe-se que, apesar do sobrenome alemão, o ex-jogador de basquete, Oscar Schmidt, não é nenhum Emanuel Kant. Mas, durante a apresentação da ginástica, no Pan, ele extrapolou. Vaiou os atletas não-brasileiros que se apresentaram, tentando forçá-los ao erro. Alguém deveria explicar ao Oscar que esporte individual não é futebol, basquete ou vôlei, em que torcedores podem dar uma de visigodos.
Pra terminar, uma perguntinha: Alô, Zé Dirceu! Por que será que um atleta da delegação cubana no Pan se escafedeu, e os que ficaram estão sob vigilância cerrada?

barbara@uol.com.br


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