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Mães e filhos adiam processo contra pais
Rejeitado desde a gravidez da mãe, carioca de 39 anos só decidiu entrar na Justiça há nove, quando seu filho nasceu
Já Júlio Cézar Mota, 29,
afirma que nem pensa
entrar com pedido de
indenização porque soube
lidar com a ausência do pai
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
M. ainda é pequeno para avaliar a falta do pai. Nem mesmo a
mãe dele sabe dizer se o filho
vai carregar pela vida algum
trauma pelo abandono afetivo
sofrido, pelo menos até aqui.
"É aniversário dele agora em
novembro e nada. Como pode,
né? Será que o pai dele não pensa que o filho dele pode estar
precisando de alguém, de alguma coisa?", diz Junia.
Ela afirma conhecer a possibilidade de entrar na Justiça
com ações por danos morais
por causa do abandono, mas diz
que é cedo para pensar nisso.
O pai de M., que não quis se
identificar, diz que o fim do relacionamento foi muito complicado e que ele se distanciou
para evitar brigar com a mãe do
menino, mas que pretende entrar em contato quando o filho
estiver maior.
Alguns dos casos em disputa
judicial por indenização só tiveram início depois dos 30
anos do então filho abandonado moralmente pelo pai.
Essa é a história de um carioca de 39 anos, que não quer ser
identificado. Rejeitado pelo pai
desde a gravidez da mãe, só decidiu entrar com a ação depois
de se tornar pai, há nove anos.
Ele diz que passou por situações difíceis e, como o pequeno
M., nunca recebeu uma ligação
no aniversário ou Natal.
"É difícil compreender uma
pessoa que sempre ganhou
bem e não faz questão de pagar
uma mensalidade do colégio do
filho, que não dá presente, não
liga", afirma.
Por tudo o que passou, diz
que conta com a vitória na Justiça. Como responder à pergunta: é possível obrigar alguém a
amar? "Se a pessoa não pode
amar o filho, para continuar na
condição de ser humano, tem
que agir pelo menos com contornos de amor: prestar uma
assistência mínima que seja para a pessoa", diz ele.
Afinidade
Júlio Cézar Mota, 29, que
nem carrega na certidão o nome do pai, também afirma não
ter tido nenhuma assistência
paterna. No caso dele, diz, não
caberia uma indenização, pois
ele soube lidar bem com a distância voluntária do pai.
"Ele fez falta na infância,
penso que ter um pai seria totalmente diferente, para o bem
ou para o mal. Depois, ele me
procurou, queria ter alguma
afinidade, carinho, mas não
tem como. Hoje, não vai fazer
diferença ele querer dar alguma opinião", diz ele.
(JN)
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