São Paulo, domingo, 20 de setembro de 2009

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Mães e filhos adiam processo contra pais

Rejeitado desde a gravidez da mãe, carioca de 39 anos só decidiu entrar na Justiça há nove, quando seu filho nasceu

Já Júlio Cézar Mota, 29, afirma que nem pensa entrar com pedido de indenização porque soube lidar com a ausência do pai

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

M. ainda é pequeno para avaliar a falta do pai. Nem mesmo a mãe dele sabe dizer se o filho vai carregar pela vida algum trauma pelo abandono afetivo sofrido, pelo menos até aqui.
"É aniversário dele agora em novembro e nada. Como pode, né? Será que o pai dele não pensa que o filho dele pode estar precisando de alguém, de alguma coisa?", diz Junia.
Ela afirma conhecer a possibilidade de entrar na Justiça com ações por danos morais por causa do abandono, mas diz que é cedo para pensar nisso.
O pai de M., que não quis se identificar, diz que o fim do relacionamento foi muito complicado e que ele se distanciou para evitar brigar com a mãe do menino, mas que pretende entrar em contato quando o filho estiver maior.
Alguns dos casos em disputa judicial por indenização só tiveram início depois dos 30 anos do então filho abandonado moralmente pelo pai.
Essa é a história de um carioca de 39 anos, que não quer ser identificado. Rejeitado pelo pai desde a gravidez da mãe, só decidiu entrar com a ação depois de se tornar pai, há nove anos.
Ele diz que passou por situações difíceis e, como o pequeno M., nunca recebeu uma ligação no aniversário ou Natal.
"É difícil compreender uma pessoa que sempre ganhou bem e não faz questão de pagar uma mensalidade do colégio do filho, que não dá presente, não liga", afirma.
Por tudo o que passou, diz que conta com a vitória na Justiça. Como responder à pergunta: é possível obrigar alguém a amar? "Se a pessoa não pode amar o filho, para continuar na condição de ser humano, tem que agir pelo menos com contornos de amor: prestar uma assistência mínima que seja para a pessoa", diz ele.

Afinidade
Júlio Cézar Mota, 29, que nem carrega na certidão o nome do pai, também afirma não ter tido nenhuma assistência paterna. No caso dele, diz, não caberia uma indenização, pois ele soube lidar bem com a distância voluntária do pai.
"Ele fez falta na infância, penso que ter um pai seria totalmente diferente, para o bem ou para o mal. Depois, ele me procurou, queria ter alguma afinidade, carinho, mas não tem como. Hoje, não vai fazer diferença ele querer dar alguma opinião", diz ele. (JN)


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