São Paulo, sábado, 20 de outubro de 2007

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ANÁLISE

Após três meses, Nelson Jobim acumula promessas

Medidas do ministro seguem pendentes ou atrasadas

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Nelson Jobim assumiu a Defesa com carta branca presidencial, cacife orçamentário e o título de "maestro" da aviação civil, mas em menos de três meses acumula uma lista de medidas pendentes ou atrasadas tão extensa quanto a atenção da imprensa no período.
Enquanto fazia seu périplo militar pela Amazônia, as energéticas ordens e os prazos começaram a desmoronar.
Primeiro, a área de escape da pista secundária de Congonhas foi parcialmente anulada. Em seguida, foram prorrogados três prazos: o local do terceiro aeroporto de São Paulo, o Plano Aeroviário Nacional e a Política Nacional de Aviação Civil.
As definições, importantes para a organização estrutural do setor, foram ofuscadas por outras "prioridades", como a falta de espaço para pessoas altas ou com sobrepeso nas poltronas de aviões. Jobim, 1,90 m, quer a solução até dezembro.
Outro problema da crise é o debate da desmilitarização do controle aéreo. O ministro afirma não ter ideologia, mas não publicou na sua agenda oficial o encontro com o advogado dos controladores e engavetou o estudo que recebeu.
O discurso inaugural do "aja ou saia" já começa a somar remendos. O ministro decretou a imediata redução das pistas de Congonhas, em nome da segurança aérea. "Nós não ajustamos os aeroportos às empresas. Nós ajustamos as empresas ao aeroporto", disse, na época.
Neste caso, a pista reduzida foi ajustada sob encomenda para as empresas. Agora, aviões de maior porte podem usar a pista auxiliar para decolagens, acabando com atrasos na pista principal. Ou seja, ou a medida de Jobim foi tecnicamente apressada ou foi mais uma falha tentativa de esvaziar Congonhas com o discurso da segurança acima da comodidade.
Não seria a primeira. O desafogar de Congonhas levou o ministro a querer transferir cerca de 20 vôos para Viracopos, em Campinas. Essa idéia não durou uma semana.
Viracopos e Galeão, no Rio, aliás, aguardam ainda o fim de seus dias de ócio, que estão em 91% e 66%, respectivamente.
Outra frase que virou mote de Jobim é "cada dia com sua agonia", usada sempre que é cobrado pela demora na troca da diretoria da Anac (Agência Nacional da Aviação Civil), eleita prioridade ao assumir o cargo. O ministro agora enfrenta a lentidão da turbulência no Senado. Quase dois meses depois da primeira renúncia, apenas um dos quatro indicados foi aprovado pela Casa.
No jogo pela renúncia do presidente da agência, Milton Zuanazzi, acabou tendo de recuar. Após levar ao Planalto o nome de Solange Vieira, teve de acomodá-la na recém-criada SAC (Secretaria de Aviação Civil).
Também não há noticias do processo administrativo para apurar a polêmica "falsa norma" de segurança da Anac, que poderia ter evitado o acidente da TAM. Uma sindicância interna já inocentou os envolvidos e o caso virou inquérito do Ministério Público Federal.


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