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SP libera ensino médio a distância para 20% das aulas
Modalidade de educação pode ser utilizada por escolas particulares e estaduais
Para membro do Conselho Nacional de Educação, as aulas à distância "podem estimular o individualismo e o isolacionismo nos jovens
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma nova legislação educacional em SP, publicada na sexta-feira, permitirá que escolas
de ensino médio do Estado ofereceram até 20% da carga horária na modalidade a distância.
A deliberação foi aprovada
pelo Conselho Estadual de
Educação e homologada pela
titular da área do governo José
Serra (PSDB), Maria Helena
Guimarães de Castro.
A alternativa pode ser utilizada tanto por escolas particulares quanto estaduais. Para a
rede privada, cabe a cada colégio a decisão; para a pública, depende de uma determinação da
Secretaria da Educação.
A norma entrou em vigor já
na sexta-feira, com a homologação no "Diário Oficial".
A legislação determina que as
escolas ofereçam, ao menos,
800 horas letivas ao ano. Pela
deliberação do conselho, até
160 horas poderão ser feitas pelos alunos a distância.
Fica permitida a oferta nessa
modalidade conteúdos de qualquer um dos 16 componentes
curriculares obrigatórios (língua portuguesa, matemática,
artes, filosofia, história e língua
estrangeira, entre outros).
Segundo o conselho, a medida visa "chamar a atenção para
uma metodologia que pode e
deve ser estimulada para promover a melhor aprendizagem,
complementando conhecimentos com contextos mais
reais e dinâmicos".
Segundo o presidente do
conselho, Arthur Fonseca Filho, antes, as escolas que pretendessem utilizar o sistema tinham de pedir, uma a uma, a
autorização, e o processo passaria por análises. "Nenhuma
fez tal pedido, até porque a legislação não era clara. Agora,
elas já estão autorizadas."
O presidente do conselho diz
que cada colégio que adotar o
sistema definirá sua execução.
"Parte dos componentes pode,
por exemplo, ser colocada no
site ou em chats [salas de conversação virtual]."
A Secretaria da Educação informou que a atual gestão não
pretende implementar a mudança na sua rede. Já o Sieeesp
(sindicato das escolas particulares do Estado) disse que ainda analisará o dispositivo.
Crítica
Para o presidente da Câmara
Básica do Conselho Nacional
de Educação, Cesar Callegari,
"o ensino a distância não é automaticamente ruim", mas ele
discorda do uso na educação
básica. "Ela pode estimular o
individualismo e o isolacionismo nos jovens."
Para Callegari, outro problema é as escolas adotarem o ensino a distância "apenas para
cortar custos, mesmo que haja
queda na qualidade".
O representante do conselho
nacional afirmou que não há no
país iniciativa semelhante à
aprovada em São Paulo.
O órgão estadual se inspirou
em regra utilizada no ensino
superior, em que 20% da carga
horária também pode ser oferecida a distância.
A UNE (União Nacional dos
Estudantes) critica a prática,
pois diz que faculdades privadas cortaram disciplinas presenciais para oferecê-las a distância, de forma desordenada.
Com a modalidade, as instituição podem economizar no
espaço físico dos prédios e pagamento de professores (em alguns casos, são contratados tutores, com salários menores).
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