São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

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Controlador reclama de trabalho extra

Em depoimento a procurador, seis profissionais de Congonhas e de Cumbica relatam sobrecarga e desrespeito à legislação

Eles afiram que têm dificuldades em tirar folga e Caso é investigado pelo Ministério Público do Trabalho, que vistoriou aeroporto da capital

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo menos seis controladores de vôo dos aeroportos de Congonhas, em São Paulo, e Cumbica, em Guarulhos, relataram ao Ministério Público do Trabalho que são obrigados a ficar além do horário previsto, têm dificuldades em obter folgas e são impossibilitados de tirar 15 minutos de descanso.
Para os profissionais, a sobrecarga de serviço põe em risco o tráfego aéreo. Desde a queda do Boeing da Gol em setembro, quando morreram 154 pessoas, controladores são investigados pelo Ministério Público.
Os depoimentos dos seis controladores na capital e na Grande São Paulo, entretanto, pertencem ao inquérito aberto pelo procurador Fábio de Assis Ferreira Fernandes para apurar as condições de trabalho desses profissionais.
Dois deles são militares empregados no centro de controle de vôo de Congonhas. Os outros quatro trabalham na torre de controle de Cumbica.
Num dos depoimentos, um controlador militar afirma que trabalha mais que oito horas diárias e são descumpridos os 15 minutos de descanso a cada duas horas de serviço.
Ele informa ainda que, em vez de monitorar seis aeronaves -como prevê a lei para a categoria-, chegou a orientar até 20 aviões "simultaneamente".
Além destes, mais três controladores de Congonhas foram sorteados pela Aeronáutica para prestarem esclarecimentos ao procurador.
Durante a tarde de ontem, Fernandes teve autorização do 4º Comando Regional para vistoriar, ao lado de um técnico e de uma especialista do Ministério Público do Trabalho, o centro de controle de tráfego aéreo e a torre de Congonhas. Amanhã, pretende visitar Cumbica.
"Existe a possibilidade de descumprimento de normas de proteção à segurança e saúde no trabalho. Há a necessidade da proteção da saúde física e mental destes trabalhadores e a existência de um ambiente saudável", disse o procurador.
O coronel Ramon Bueno, chefe do SRPV (Serviço Regional de Proteção ao Vôo) de São Paulo, admitiu que já viu controladores monitorarem até oito aeronaves, mas que isso foi por um curto período de tempo. "Quanto as outras acusações, eu desconheço", disse.


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