São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

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Procuradoria diz que policiais receberam para prender bicheiro

Oficiais são acusados de agir em favor do bicheiro Rogério Andrade ao prenderem o rival dele, Fernando Iggnácio

Segundo a denúncia, dois dos policiais, que eram próximos do ex-chefe de polícia Álvaro Lins, ganharam R$ 1,3 milhão pela prisão

TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

Um grupo de três policiais civis, lotados em delegacias da zona oeste e muito ligados ao ex-chefe de polícia e deputado diplomado Álvaro Lins, são apontados como integrantes do grupo de Rogério Andrade, segundo o Ministério Público Federal. Lins, acusado pela PF de chefiar o grupo de policiais, também é investigado.
Os policiais Helio Machado, o Helinho, e Jorge Fernandes, o Jorginho, teriam recebido R$ 1,3 milhão pela prisão de Fernando Iggnácio -rival de Andrade-, segundo a denúncia. Do grupo também faz parte Fábio Leão, o Fabinho. Eles são conhecidos como "o grupo dos inhos". Helinho e Jorginho estão foragidos. A Folha não conseguiu falar com Fabinho, que está preso.
Lins é citado em um telefonema, em 30 de setembro, de um integrante do grupo de Andrade que pede ao colega que avise a todos que "agora é para votar no Álvaro Lins".
Lins, dois dias após a eleição, liga para um homem que também integraria o grupo, o policial Jorsan de Oliveira, para agradecer os votos: "Estou ligando para agradecer a ajuda, a torcida, continuamos juntos".
Outros policiais, que segundo o Ministério Público teriam participação menor no grupo, recebem propina em troca de regalias para os presos.
Rogério Andrade, preso em setembro, e Fernando Iggnácio, detido em outubro, de acordo com a Promotoria, continuam gerenciando seus negócios de dentro das celas.
Gravações telefônicas feitas quando os dois já estavam presos mostram que ambos têm celulares nas carceragens. Andrade já usou fax e se livrou de um pen drive com informações contábeis da quadrilha. Ele ainda orientou diversos ataques a máquinas de caça-níqueis de seu arquiinimigo.
Iggnácio, por outro lado, pagaria R$ 6 mil por quinzena para manter regalias. Teria pago também R$ 200 mil para comprar fitas de conversas feitas com autorização judicial, além de pago propina para retirar da 30ª DP máquinas apreendidas.


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