|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Secretário afirma que irá demitir envolvidos
Andrea Matarazzo e subprefeito de Santo Amaro dizem desconhecer acordo; assessor confirma intermediação e diz que caso não é único
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário municipal das
Subprefeituras, Andrea Matarazzo, disse que vai demitir todos os funcionários envolvidos
na remoção da favela perto do
futuro prédio da Gafisa.
Antes, porém, Matarazzo
disse que duvidava da informação de que a construtora, por
meio da subprefeitura, tivesse
oferecido dinheiro para que os
moradores deixassem o local.
Após ser informado do documento em poder da reportagem -um bilhete escrito pelo
chefe da fiscalização com o valor da indenização- e da própria confirmação do assessor
especial da subprefeitura, o secretário disse que haverá punição. "Se você tem documento
manuscrito, gravações ou qualquer prova consistente, os funcionários estão demitidos imediatamente, não tem dúvida."
Esse papel, em que constam
números de telefones celular e
fixo, deve ser submetido a exame pericial pelo Ministério Público Estadual para confirmar a
autenticidade do autor.
O subprefeito de Santo Amaro, Geraldo Mantovani Filho,
disse desconhecer qualquer tipo de parceria feita por seus subordinados com a iniciativa
privada. Pelo menos uma reunião, porém, entre os moradores e seu assessor especial ocorreu dentro da subprefeitura.
"Há uma disposição da Gafisa em indenizá-los. Não tem a
ver, absolutamente nada, com
as ações da prefeitura. É uma
negociação isolada, que eu estou sabendo que eles têm essa
disposição, e determinei dentro da subprefeitura que não
haja nenhum envolvimento de
nenhum funcionário."
Ele diz que vai apurar. "A
prefeitura fez a parte dela. Os
intimou a sair. Fora disso não
pode haver interferência, gestão, de negócio particular com
ações da prefeitura", disse.
"Conversarei para ver até que
ponto vai o envolvimento deles,
porque determinei que não
houvesse nenhum."
O assessor Antonio Carlos
Bernardi, entretanto, confirmou a intermediação entre
moradores e a Gafisa para remoção das famílias. Mas nega
que a ação tenha o objetivo apenas de beneficiar a construtora.
"Nós é que estamos buscando as parcerias. Porque não deixa de ser interessante para o
município. O município corrige
uma falha. Isso aí é falha de 20
anos atrás, quando eles entraram e ninguém fiscalizou."
Apesar de não mencionar
quais, Bernardi disse que não é
primeira vez que isso ocorre.
"Na região nós fizemos desocupações e houve algumas indenizações, as parcerias indenizaram e eles desocuparam."
"Eles estão numa área que
não é deles, é do município. É
minha, é sua. Isso eles têm
consciência: mais dias ou menos dias ele teriam de sair de lá.
Agora, se eles conseguirem,
dentro de uma parceria, um valor desses, acho que não é se jogar fora. Não é só a Gafisa [que
vai ser beneficiada]. Ali tem
uma série de empreendimentos. Não só para alguns particulares, mas para a cidade porque
ali acaba sendo uma nova alternativa de rota de trânsito."
Texto Anterior: Gafisa usa subprefeitura para retirar favela da vizinhança Próximo Texto: Gafisa diz que quer melhorar vida de favelados Índice
|