São Paulo, quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

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Secretário afirma que irá demitir envolvidos

Andrea Matarazzo e subprefeito de Santo Amaro dizem desconhecer acordo; assessor confirma intermediação e diz que caso não é único

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário municipal das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, disse que vai demitir todos os funcionários envolvidos na remoção da favela perto do futuro prédio da Gafisa.
Antes, porém, Matarazzo disse que duvidava da informação de que a construtora, por meio da subprefeitura, tivesse oferecido dinheiro para que os moradores deixassem o local.
Após ser informado do documento em poder da reportagem -um bilhete escrito pelo chefe da fiscalização com o valor da indenização- e da própria confirmação do assessor especial da subprefeitura, o secretário disse que haverá punição. "Se você tem documento manuscrito, gravações ou qualquer prova consistente, os funcionários estão demitidos imediatamente, não tem dúvida."
Esse papel, em que constam números de telefones celular e fixo, deve ser submetido a exame pericial pelo Ministério Público Estadual para confirmar a autenticidade do autor.
O subprefeito de Santo Amaro, Geraldo Mantovani Filho, disse desconhecer qualquer tipo de parceria feita por seus subordinados com a iniciativa privada. Pelo menos uma reunião, porém, entre os moradores e seu assessor especial ocorreu dentro da subprefeitura.
"Há uma disposição da Gafisa em indenizá-los. Não tem a ver, absolutamente nada, com as ações da prefeitura. É uma negociação isolada, que eu estou sabendo que eles têm essa disposição, e determinei dentro da subprefeitura que não haja nenhum envolvimento de nenhum funcionário."
Ele diz que vai apurar. "A prefeitura fez a parte dela. Os intimou a sair. Fora disso não pode haver interferência, gestão, de negócio particular com ações da prefeitura", disse. "Conversarei para ver até que ponto vai o envolvimento deles, porque determinei que não houvesse nenhum."
O assessor Antonio Carlos Bernardi, entretanto, confirmou a intermediação entre moradores e a Gafisa para remoção das famílias. Mas nega que a ação tenha o objetivo apenas de beneficiar a construtora.
"Nós é que estamos buscando as parcerias. Porque não deixa de ser interessante para o município. O município corrige uma falha. Isso aí é falha de 20 anos atrás, quando eles entraram e ninguém fiscalizou."
Apesar de não mencionar quais, Bernardi disse que não é primeira vez que isso ocorre. "Na região nós fizemos desocupações e houve algumas indenizações, as parcerias indenizaram e eles desocuparam."
"Eles estão numa área que não é deles, é do município. É minha, é sua. Isso eles têm consciência: mais dias ou menos dias ele teriam de sair de lá. Agora, se eles conseguirem, dentro de uma parceria, um valor desses, acho que não é se jogar fora. Não é só a Gafisa [que vai ser beneficiada]. Ali tem uma série de empreendimentos. Não só para alguns particulares, mas para a cidade porque ali acaba sendo uma nova alternativa de rota de trânsito."


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