COLUNISTA DA FOLHA

Para a defesa dos pilotos norte-americanos Joe Lepore e Jan Paladino, as manifestações de desconhecimento da aeronave e das condições de vôo no Brasil, que ficaram claras nos diálogos da caixa-preta do jato Legacy, são "irrelevantes" no conjunto de fatos que levaram ao maior acidente da aviação brasileira, em 29 de setembro.
"Não houve nexo causal entre eventuais dúvidas dos pilotos e o acidente. Nenhuma das dúvidas manifestadas foi relevante para esse desfecho", disse o advogado de Lepore e Paladino no Brasil, Theo Dias, comentando a reportagem publicada pela Folha no domingo, contendo os principais trechos da caixa-preta do Legacy e das conversas entre controladores.
Dias não quis comentar diálogos entre os pilotos que mostram que eles tiveram problemas, por exemplo, com o SMF (Flight Management System), que gerencia os dados do vôo, inclusive rota e altitude.
Pelas transcrições, um dos pilotos comenta que estava "ainda trabalhando os problemas de mexer nessa coisa", referindo-se ao FMS. Mais adiante, depois de dizer que precisava "ler o livro", reclamou: "Tudo está uma bagunça porque (...) precisamos, eu acho, limpar esse avião e o configurar".
Quanto aos diálogos truncados entre os pilotos e os controladores brasileiros, Dias disse que as fitas de fato mostram "dificuldade de comunicação".
Dias reclamou da tradução dos diálogos e diz que há "equívocos e mal entendidos". A transcrição foi feita pelo NTSB, de Washington.
Para Dias, a maior prova de que os pilotos estavam aptos para voar no Legacy é o fato de terem conseguido pousar "em plena selva amazônica", apesar da asa avariada.
Em entrevista à Folha publicada no dia 17 de dezembro de 2006, Lepore disse que é piloto há 20 anos e treinou 20 horas no simulador. "O equipamento me era muito familiar."


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