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Kassab quer anistiar dívida de R$ 27 mi de escolas
Prefeito enviou projeto à Câmara que perdoa dívida e acaba com cobrança de ISS
Apesar de líderes da Liga das Escolas de Samba de São Paulo terem apoiado Kassab na reeleição, SPTuris nega compensação eleitoral
CONRADO CORSALETTE
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O prefeito Gilberto Kassab
(DEM) enviou projeto de lei à
Câmara Municipal que isenta
as escolas de samba paulistanas
da cobrança do ISS (Imposto
Sobre Serviços). A proposta
ainda perdoa a dívida de R$ 27
milhões acumulada pelas agremiações por nunca terem pago
o tributo, cobrado sobre a venda de ingressos para os desfiles.
Os líderes da Liga das Escolas
de Samba de São Paulo apoiaram a reeleição de Kassab, que
fez questão de dar a notícia do
perdão da dívida pessoalmente,
durante almoço em seu gabinete na semana passada.
O prefeito assinou o texto ali
mesmo, ao lado de secretários e
do presidente da Câmara, Antônio Carlos Rodrigues (PR).
A prefeitura paulistana é a
principal financiadora dos desfiles. Injetou R$ 19,9 milhões
na festa que teve início ontem.
Além do dinheiro oficial, a Liga ainda fatura uma média de
R$ 3,5 milhões por ano com a
bilheteria do sambódromo.
O acúmulo das dívidas tributárias das escolas de samba as
impede de receber dinheiro de
outras fontes. A TV Globo, por
exemplo, será obrigada a depositar em juízo os R$ 300 mil que
destinaria a cada uma das agremiações para transmitir o desfile, tudo por causa da dívida.
Critérios técnicos
A Secretaria Municipal de
Negócios Jurídicos, responsável pelo parecer que embasou o
projeto, diz que os critérios para a anistia são técnicos: "A prefeitura investe fundos públicos
nas escolas (...); ao mesmo tempo, cobra ISS delas pela atividade no Carnaval. Em outras palavras, a prefeitura vinha cobrando ISS de si mesma".
Caio Carvalho, presidente da
SPTuris, empresa municipal
responsável pela organização
do Carnaval paulistano, nega a
existência de compensação
eleitoral. "Não houve barganha
porque não houve essa promessa durante a campanha. Essa
era uma dívida impagável, então é melhor regularizar."
A Folha tentou entrar em
contato ontem com o presidente da Liga, Sidnei Carrioulo,
mas não obteve resposta até a
conclusão desta edição.
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