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Perua não entrega crianças em casa
DA REPORTAGEM LOCAL
Em Engenheiro Marsilac (extremo sul de São Paulo), a perua
escolar do Vai-e-Volta não entrega todos os estudantes na porta de
casa. Alguns deles são deixados
na praça Maria Nazaré da Costa e
de lá completam o caminho a pé.
O projeto Vai-e-Volta prevê que
as crianças sejam transportadas
de casa até as escolas.
Viviane, 6, anda todos os dias
cinco quilômetros, somando ida e
volta, entre sua casa e o ponto onde a perua a pega. No total, leva
uma hora, para ir e voltar. "É pior
quando chove. Preciso trocar toda a roupa dela quando chego na
praça, senão ela vai enlameada
para a escola", afirma sua mãe,
Maria de Lurdes da Silva.
Ela mora às margens de uma linha de trem. O perueiro Oduvaldo Batista Pieretto afirma que
suspendeu o transporte porque o
caminho é perigoso, por passar ao
longo da linha férrea.
Ele também diz que a prefeitura
havia estabelecido neste ano um
limite para cada perueiro circular
por período: 45 km de ida e volta.
O limite já teria sido revogado por
causa das reclamações.
Investigação
O chefe de gabinete da Secretaria Municipal da Educação, Enéas
Rodrigues, diz que o perueiro alega ter feito um acordo com as famílias para deixar os estudantes
na praça. A secretaria vai investigar se esse acordo existe.
Para Rodrigues, apesar de contrariar a idéia principal -levar as
crianças até suas casas-, esse tipo de acordo pode ser feito, se
houver concordância das famílias. "Às vezes, pode ficar difícil
entrar em favelas, por exemplo."
Segundo Rodrigues, o limite de
quilometragem existe, mas é flexível e avaliado conforme o caso.
"Se houver necessidade, autorizamos [exceder o limite" imediatamente", afirma.
Ele diz que, nos contratos emergenciais, feitos no início do programa, os perueiros ganhavam
por quilometragem, e era necessário haver um teto. "Agora todos
os contratos são por licitação, e a
remuneração é por aluno transportado", declara.
Ruas melhores
Maria Lúcia Cirillo, presidente
da associação de moradores de
Engenheiro Marsilac, disse que já
pediu à prefeitura que melhore os
acessos à região para facilitar a entrada das peruas.
Segundo ela, muitas mães deixaram de matricular seus filhos
em pré-escolas porque havia a informação de que a região não teria transporte grátis para estudantes neste ano.
Ela diz que as características da
região, quase rural, exigem políticas diferenciadas.
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