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São Paulo, sexta-feira, 21 de março de 2003

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Perua não entrega crianças em casa

DA REPORTAGEM LOCAL

Em Engenheiro Marsilac (extremo sul de São Paulo), a perua escolar do Vai-e-Volta não entrega todos os estudantes na porta de casa. Alguns deles são deixados na praça Maria Nazaré da Costa e de lá completam o caminho a pé.
O projeto Vai-e-Volta prevê que as crianças sejam transportadas de casa até as escolas.
Viviane, 6, anda todos os dias cinco quilômetros, somando ida e volta, entre sua casa e o ponto onde a perua a pega. No total, leva uma hora, para ir e voltar. "É pior quando chove. Preciso trocar toda a roupa dela quando chego na praça, senão ela vai enlameada para a escola", afirma sua mãe, Maria de Lurdes da Silva.
Ela mora às margens de uma linha de trem. O perueiro Oduvaldo Batista Pieretto afirma que suspendeu o transporte porque o caminho é perigoso, por passar ao longo da linha férrea.
Ele também diz que a prefeitura havia estabelecido neste ano um limite para cada perueiro circular por período: 45 km de ida e volta. O limite já teria sido revogado por causa das reclamações.

Investigação
O chefe de gabinete da Secretaria Municipal da Educação, Enéas Rodrigues, diz que o perueiro alega ter feito um acordo com as famílias para deixar os estudantes na praça. A secretaria vai investigar se esse acordo existe.
Para Rodrigues, apesar de contrariar a idéia principal -levar as crianças até suas casas-, esse tipo de acordo pode ser feito, se houver concordância das famílias. "Às vezes, pode ficar difícil entrar em favelas, por exemplo."
Segundo Rodrigues, o limite de quilometragem existe, mas é flexível e avaliado conforme o caso. "Se houver necessidade, autorizamos [exceder o limite" imediatamente", afirma.
Ele diz que, nos contratos emergenciais, feitos no início do programa, os perueiros ganhavam por quilometragem, e era necessário haver um teto. "Agora todos os contratos são por licitação, e a remuneração é por aluno transportado", declara.

Ruas melhores
Maria Lúcia Cirillo, presidente da associação de moradores de Engenheiro Marsilac, disse que já pediu à prefeitura que melhore os acessos à região para facilitar a entrada das peruas.
Segundo ela, muitas mães deixaram de matricular seus filhos em pré-escolas porque havia a informação de que a região não teria transporte grátis para estudantes neste ano.
Ela diz que as características da região, quase rural, exigem políticas diferenciadas.


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