|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lara, 15, cobrava dívida no lugar
do namorado
DA REPORTAGEM LOCAL
Lara (nome fictício), 15, não
teve dúvida quando percebeu
que poderia tomar um calote.
Sozinha, colocou o revólver calibre 38 na cintura e foi cobrar a
dívida. Segundo ela, o caloteiro
poderia comprometer a credibilidade dos "negócios".
O namorado, de 22 anos, com
quem dividia as tarefas em uma
boca-de-fumo em Caçapava
(112 km de SP), costumava se
ausentar. As saídas eram para
buscar droga e abastecer o local.
Nessas ocasiões, Lara assumia
o controle. Repassava drogas
para traficantes da região e arrecadava o dinheiro. Se atrasassem o pagamento na sua "gestão", ela mesmo cobrava sozinha a dívida, apesar dos protestos do namorado, que temia
uma reação do devedor.
"Eu sempre fui de correr atrás
e a gente precisava do dinheiro",
afirma Lara. Nas cobranças que
fez sozinha -seis ou sete-, a
garota não precisou usar seu revólver 38. Os devedores eram
homens. Em todas às vezes, voltou com o dinheiro ou com objetos dos devedores -geralmente televisores e aparelhos de
som roubados.
Decidida, Lara diz que entrou
para a criminalidade aos 13
anos. "Fiz tudo por dinheiro."
Primeiro, ela deixou a casa dos
pais -eram usuários de droga,
segundo ela- e depois a casa
dos avós. Com o namorado,
vendia principalmente crack,
mas não usava. Preferia cocaína,
para ficar acordada de madrugada para vender a droga.
Lara e o namorado estavam
em casa quando policiais invadiram o local. Ela está na Febem
há três meses. Mas, segundo a
garota, o namorado não foi preso -ela acha que pode ter havido um acerto com os policiais,
no qual ela não foi beneficiada.
O abandono do namorado
também pesa na avaliação de
Lara sobre os últimos anos de
sua vida. "Não quero mais saber
dele [do namorado]. Só quero
voltar para a casa dos meus avós
e deixar essa vida", diz a garota.
Texto Anterior: Febem teve de se adaptar às mudanças Próximo Texto: Ana, 14, pediu ao "patrão" para matar rival Índice
|