São Paulo, domingo, 21 de março de 2004

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Dora, 17, pegou revólver do pai e planejou assalto

DA REPORTAGEM LOCAL

Ela trouxe a arma, um revólver calibre 38 que pertencia ao pai, e propôs o assalto. Os amigos toparam de imediato. Na hora do roubo a uma padaria, porém, um deles tremia tanto que, segundo a garota, ela teve de tomar a arma de sua mão. Mas um cliente do local já tinha conseguido fugir e chamar a polícia.
Mesmo grávida, Dora (nome fictício), 17, conseguiu escapar a pé. Os amigos, os dois maiores de 18 anos, não. Eles informaram à polícia o bar onde o dinheiro seria dividido e Dora também foi presa minutos depois. Na sua mochila, na mesa do bar, estavam os R$ 1.200 roubados.
"Meu pai ganha bem, não precisava roubar", diz Dora, que parou de estudar na 6ª série do ensino fundamental. Ela morava no bairro Bela Vista (centro de SP) com o pai, que é barman e ganha R$ 1.200 por mês.
Ela começou a furtar aos 13 anos. Arrombava carros para retirar os rádios. No ano seguinte, segundo ela, passou a levar os carros com ajuda de amigos.
Vendia os veículos para desmanches. Cada carro rendia de R$ 500 a R$ 600 ao grupo. Também vendeu drogas por seis meses no centro de São Paulo.
"Tinha muitos fregueses naquela época. Pegava a droga do gerente [que coordenava o ponto-de-venda] e revendia. Cheguei a ganhar R$ 200 por dia. Era muito dinheiro", lembra.
Aos 15 anos, presa por furto, Dora foi parar na Febem pela primeira vez. Saiu em liberdade assistida. Mas continuou com roubos a estabelecimentos comerciais e a pessoas que acabavam de sair de bancos.
Um mês atrás, foi ela quem chamou os amigos e sugeriu o assalto. Queria dinheiro para fazer uma festa.
"Se eu falar que precisava roubar, vou mentir. Tinha tudo em casa. Fazia pela adrenalina mesmo", diz Dora, grávida de cinco meses. "Agora o momento é de reflexão. Só quero cuidar do meu filho e esquecer o que eu já fiz", afirma a interna.


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