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Com a arma na mão, Carla, 17, dava as ordens
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos seqüestros relâmpagos
que fazia com o namorado, era
ela quem portava a arma. Enquanto o rapaz dirigia o carro,
era a menina quem vigiava a vítima e, como conhecia a região, dizia por onde deveriam seguir.
Foi também a garota quem percebeu a chegada da polícia e o
avisou para fugir. Mas ele não
entendeu. Os dois foram presos.
Carla (nome fictício), 17, tomava a maior parte das decisões pela frieza no momento da ação.
Passou a empunhar a arma nos
assaltos anos antes, depois que
uma comparsa dela deu tiros a
esmo e as duas tiveram de fugir
sem levar nada da loja.
Ela fugiu de casa aos 11 anos
para traficar em Cotia (Grande
SP). Ganhava R$ 30 a cada R$ 100
vendidos em cocaína. "Ganhava
dinheiro como água. Foi tudo
em festa, roupa, sapato. Eu gostava de andar na moda", diz.
Depois ela migrou para os assaltos, com um amiga. O nervosismo da comparsa fez Carla decidir agir sozinha. Depois passou
a roubar com os namorados. Teve três filhos -gêmeos, hoje
com seis meses, e outro com dois
anos- e chegou a largar o crime
por alguns meses.
O namorado, que tinha 20
anos e era traficante, sugeriu que
voltassem a roubar. Fizeram cinco seqüestros relâmpagos. Chegaram a ser perseguidos pela polícia, mas conseguiram fugir porque ela conhecia bem as ruas do
bairro Butantã (zona oeste de
SP) e do município de Osasco
(Grande SP), onde costumavam
atuar. No sexto seqüestro relâmpago, foram presos.
Carla estava com a vítima dentro do carro quando percebeu a
chegada da polícia. Bateu no vidro com o cabo do revólver, mas
o namorado, que estava na rua,
não entendeu o aviso. O casal foi
preso e os filhos ficaram com a
sogra de Carla.
Há quatro meses na Febem,
Carla responsabiliza apenas a
própria ambição. "Queria dinheiro para não trabalhar tanto
como minha mãe", diz a garota.
A mãe de Carla é costureira.
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