São Paulo, domingo, 21 de março de 2004

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Com a arma na mão, Carla, 17, dava as ordens

DA REPORTAGEM LOCAL

Nos seqüestros relâmpagos que fazia com o namorado, era ela quem portava a arma. Enquanto o rapaz dirigia o carro, era a menina quem vigiava a vítima e, como conhecia a região, dizia por onde deveriam seguir. Foi também a garota quem percebeu a chegada da polícia e o avisou para fugir. Mas ele não entendeu. Os dois foram presos.
Carla (nome fictício), 17, tomava a maior parte das decisões pela frieza no momento da ação. Passou a empunhar a arma nos assaltos anos antes, depois que uma comparsa dela deu tiros a esmo e as duas tiveram de fugir sem levar nada da loja.
Ela fugiu de casa aos 11 anos para traficar em Cotia (Grande SP). Ganhava R$ 30 a cada R$ 100 vendidos em cocaína. "Ganhava dinheiro como água. Foi tudo em festa, roupa, sapato. Eu gostava de andar na moda", diz.
Depois ela migrou para os assaltos, com um amiga. O nervosismo da comparsa fez Carla decidir agir sozinha. Depois passou a roubar com os namorados. Teve três filhos -gêmeos, hoje com seis meses, e outro com dois anos- e chegou a largar o crime por alguns meses.
O namorado, que tinha 20 anos e era traficante, sugeriu que voltassem a roubar. Fizeram cinco seqüestros relâmpagos. Chegaram a ser perseguidos pela polícia, mas conseguiram fugir porque ela conhecia bem as ruas do bairro Butantã (zona oeste de SP) e do município de Osasco (Grande SP), onde costumavam atuar. No sexto seqüestro relâmpago, foram presos.
Carla estava com a vítima dentro do carro quando percebeu a chegada da polícia. Bateu no vidro com o cabo do revólver, mas o namorado, que estava na rua, não entendeu o aviso. O casal foi preso e os filhos ficaram com a sogra de Carla.
Há quatro meses na Febem, Carla responsabiliza apenas a própria ambição. "Queria dinheiro para não trabalhar tanto como minha mãe", diz a garota. A mãe de Carla é costureira.


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