|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Promotoria investiga presidente da Febem
Berenice Gianella é suspeita de pagar irregularmente horas extras quando dirigia a Funap (fundação de amparo ao preso)
Denúncia de irregularidade partiu da diretora atual da Funap; conselho de política salarial do Estado proíbe pagamento de horas extras
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Promotoria de Justiça da
Cidadania de São Paulo abriu
inquérito civil para investigar
denúncia de pagamento irregular de horas extras na Funap
(fundação de amparo ao preso)
no período em que a instituição
era dirigida pela hoje presidente da Febem, Berenice Gianella.
A liberação de horas extras
para cargos em comissão (nomeados por indicação, sem
concurso público) ocorreu em
2004. A denúncia partiu da
própria diretora atual da Funap, Lúcia Casali de Oliveira,
que encaminhou uma representação ao Ministério Público
no começo deste ano.
A Funap também iniciou em
2006 apuração sobre o caso,
que está em andamento.
Berenice dirigiu a Funap
-fundação ligada à Secretaria
da Administração Penitenciária que desenvolve programas
sociais para presos e ex-detentos- entre 2000 e 2005. Meses
depois, assumiu a presidência
da Febem (instituição que passou a se chamar Fundação Casa
no final de 2006).
Entre os documentos encaminhados pela Funap à Promotoria está um bilhete supostamente escrito por Berenice. Na
cópia a qual a Folha teve acesso, o papel é timbrado com o
símbolo da fundação.
Diz o texto: "Ana, como o comunicado da CPS [Conselho de
Política Salarial] veda a concessão de horas extras, é melhor
rasgar o documento da fl. [folha] 03. Peça para o Valter
acertar a folha dele pagando
duas horas extras, três vezes
por semana, para não dar muito na vista".
O bilhete se refere a Ana
Claudia Marino Bellotti, então
diretora administrativa e financeira da Funap, e a Valter
Bezerra Leite, gerente interino
de recursos humanos.
O comunicado do Conselho
de Política Salarial do governo
estadual nš 01/2003, também
citado no bilhete, proíbe o pagamento de horas extras "sob
pena de responsabilidade dos
respectivos gestores".
A medida de contenção de
verba foi adotada pelo governo
do Estado por causa de gastos
excessivos de pessoal identificados no ano anterior, superando o limite imposto pela lei.
O Ministério Público vai investigar se foi montado um esquema para driblar esse controle e
pagar as horas extras.
Autorizações
Além do bilhete que teria sido escrito por Berenice, a atual
gestão da Funap encaminhou
ao Ministério Público 44 autorizações de pagamento de horas extras assinadas por Berenice ou por outros funcionários
do setor de recursos humanos.
O total de horas extras e os
valores não foram calculados.
Das 44 autorizações contidas
no inquérito civil, 31 delas têm
a descrição de valores. Somente
a soma desses casos fica em R$
98.142,50. O maior valor liberado em uma única autorização
foi de R$ 7.595,57.
Relatórios da Funap encaminhados ao Ministério Público
também trazem uma listagem
de 19 supostos beneficiados
com o pagamento de horas extras. Os pagamentos mais freqüentes são para diretores, superintendentes e gerentes. Na
maioria dos casos, eram pagas
duas horas extras por dia.
Além de Berenice, pelo menos outros dois gerentes de recursos humanos assinam as liberações de horas extras contidas no inquérito.
Texto Anterior: FAB não trabalha com hipótese de sabotagem Próximo Texto: "Bilhete foi forjado", afirma Gianella Índice
|